O primeiro livro que li na vida se chamava “Memórias de Um Cabo de Vassoura”. Contava a história de um menino e seu brinquedo preferido, uma vassoura que ele usava para brincar de cavalinho.
Qual criança nunca brincou de cavalinho com uma vassoura? Me identifiquei de cara com o livro. Porém, o que mais gostei, foi que o cabo de vassoura falava igual gente. E ele contava que antes de ser um cabo de vassoura, ele morava em uma floresta e era uma árvore.
Assim como algumas crianças acreditam que o leite vem do supermercado e não da vaca, nunca havia pensado que o cabo de vassoura já havia sido árvore. Aquilo me impactou e mudou minha visão sobre cabos de vassouras. Entendi que, de certa forma, o cabo de vassoura ainda era árvore.
Muito tempo depois tive esse mesmo entendimento em relação a minha pessoa. Não exatamente o mesmo, mas análogo. Entendi que o adulto que havia me tornado era um cabo de vassoura, mas que esse cabo de vassoura era ainda uma árvore.
Ou seja, entendi que o passado que um dia eu fui, continuava presente em mim, transformado, assim como a árvore continuava presente no cabo de vassoura.
Descobrir isso me fez entender a importância de voltar às memórias da infância e analisá-las. Me fez entender que meu presente é um telhado que está alicerçado nas mentalidades que construí no passado através das experiências que tive e das decisões que tomei.
Parei de me ver apenas como um cabo de vassoura e passei a reconhecer a árvore em mim. Aprendi que posso e devo conversar constantemente e ininterruptamente com meu passado a fim de fazer melhores opções no presente e construir um melhor futuro.
O filme Duas Vidas mostra tudo isso que falei e dá o mesmo aconselho: converse com seu passado.