Gosto de ditados porque se assemelham a poesia e vão direto ao ponto. Um dos primeiros ditados que aprendi na vida foi: “a união faz a força”. Esse ditado é tão antigo e popular que ninguém mais o pronúncia, ficou fora de moda. Só que ele é verdadeiro e tudo que é verdadeiro consegue voltar a moda de alguma maneira. Faz um novo corte, muda a estampa, costura tudo, e o tradicional ditado “a união faz a força” se transformou no “tamojunto”.
“Tamojunto” deve ser uma das expressões mais ditas atualmente. “Tamojunto” trocou até de lugar com o “de nada”. Você faz algo para alguém. A pessoa te agradeçe. Ao invés de responder o tradicional “de nada”, você responde “tamojunto”. Se você respondesse “a união faz a força”, estaria dizendo a mesma coisa, mas ficaria cafona. “Tamojunto” resolve e não te faz passar vergonha.
Mas vamos ser tradicionalistas e voltar ao ditado original. O que está no avesso do ditado “a união faz a força” e que raramente percebemos? Ora, diria Yoda, nosso querido mestre Jedi, se a união faz a força, a desunião a força desfaz. Ou seja, se a união produz o “tamojunto” a desunião produz o “tamoseparado”, você lá e eu cá, não chega perto que eu te mordo.
E o que isso tem a ver com cola e tesoura? Tem a ver que cola junta e tesoura separa. Viver é conviver. Isso não é opicional. Agora, cabe a cada um de nós decidirmos entre a união que faz a força ou a desunião que desfaz a força.
Quando optamos pela união que faz a força, estamos tendo um comportamento cola. Estamos aproximando um dos outros, colando. Somos um por todos e todos por um, somos um time, um grupo, uma coletividade. Quando optamos pela desunião que desfaz a força, estamos tendo um comportamento tesoura, estamos separando um dos outros, cortando. Somos cada um por si, somos um amontoado de pessoas, somos a guerra do todos contra todos.
Olhe para todo mal no mundo e verá que é resultado de um comportamento tesoura (exclusão). Quando nações se excluem, tem guerras, sou eu ou você, é matar ou morrer. Quando raças se excluem, tem racismo, sou eu ou você, é matar ou morrer. Quando gêneros se excluem, tem sexismo, sou eu ou você, é matar ou morrer. Quando ideologias se excluem, tem autoritarismo, sou eu ou você, é matar ou morrer. Quando interesses se excluem, tem litígio, sou eu ou você, é matar ou morrer. Quando pessoas se excluem, tem inimigos, sou eu ou você, é matar ou morrer.
Olhe para todo bem no mundo e verá que é resultado de um comportamento cola (inclusão). Quando nações se incluem, tem paz, é nois, tamojunto. Quando raças se incluem, tem respeito, é nóis, tamojunto. Quando gêneros se incluem, tem boa convivência, é nóis, tamojunto. Quando ideologias se incluem, tem compreensão, é nóis, tamojunto. Quando interesses se incluem, tem acordo, é nóis, tamojunto. Quando pessoas se incluem, tem amigos, é nóis, tamojunto.
Desde sempre os seres humanos se perguntam sobre o sentido da vida. Todos devemos concordar que não faz sentido se perguntar sobre o sentido da vida se estivermos todos mortos. Eis então a resposta simples e óbvia: o sentido da vida depende de nóis. Ou vivemos como coletividade ou morremos como indivíduos. Cola ou tesoura? Qual é sua opção?
