A professora entrou na sala, fez chamada, desenhou uma fogueira na lousa, pegou minha mão e começou a me conduzir para fora da Caverna de Platão. Pense numa pessoa em choque. Multiplica por mil. Eleva a n+1. Era eu tendo a experiência mais alucinógena da minha vida.
“Ca-la-bo-ca, professora! Apaga essa fogueira! Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço! Água vira vapor a 100 graus!”. Eu berrava. Eu implorava. Mas ela não me escutava. Ela havia optado pela cicuta.
Sem usar nenhuma tecnologia, nenhuma química, nenhuma física, sem sequer saber o que estava fazendo, a professora desmaterializou o universo e o teletransportou para dentro de mim. Não sobrou nada do lado de fora. Nem eu.
Você entende e aceita que é criador da sua realidade até certo ponto. Quando você vai almoçar em um restaurante, por exemplo, você escolhe batata, feijão, cenoura, tomate, etc, e assim cria sua refeição. Nesse caso, você entende e aceita que você é o criador da sua realidade. Extrapolando essa ideia para outras áreas, você escolhe seu namorado, esposa, emprego, casa, roupa, amigo, etc. Nesses casos, você também entende e aceita que você é o criador da sua realidade. Mas entender que você é criador da sua realidade não se limita a entender que você lida com pessoas, situações e coisas.
Entender que você é criador da sua realidade, significa que você cria tudo, toda a realidade, 100%, sem exceção. Usando o exemplo do restaurante, entender que você é criador da sua realidade, é entender que você cria as paredes do restaurante, as mesas, as cadeiras, os talheres, o chão, a mão segurando o prato, tudo que você experimenta e chama de realidade.
“Se sou o criador de tudo na minha realidade, então, eu crio a matéria?”, você pergunta. A resposta é sim e não. Sim, porque você cria tudo que você experimenta. E não, porque matéria não é material, não é coisa física. Matéria é experiência de fisicalidade.
Este entendimento é a revolução que muda tudo sem mudar nada. Nada muda porque matéria sempre foi experiência de fisicalidade, nunca foi outra coisa, nunca será, você é que tem ignorado isso. Tudo muda porque uma coisa é entender que matéria é material, outra coisa é entender que matéria é experiência de fisicalidade.
Ao acreditar que matéria é material, você passa a acreditar que você também é material, ou seja, corpo. Você pensa assim: “Realidade é material. Eu sou material também. A realidade contém toda matéria e me contém também. Eu sou um corpo material contido na realidade e interagindo com outros corpos materiais contidos na realidade.” Isso é um engano. Realidade não lhe contém, você é que contém sua realidade.
Quando você entende que matéria é experiência de fisicalidade, o fluxo da criação vira do avesso. Você entende assim: “Matéria é experiência de fisicalidade. Eu sou criador da minha experiência de fisicalidade. Fisicalidade é um aspecto da realidade que experimento. Eu não sou matéria, nem estou contido na realidade, é a realidade que está contida em mim.”
Quando você se entende como corpo, como matéria, é inevitável que você entenda que o criador da sua realidade é outro. Esse outro pode ser a natureza, o universo, os átomos, a vida, deus, o caos, enfim, algum outro, menos você. Isso é outroísmo.
O problema do outroísmo é que se você não é o criador da sua realidade, então, sua realidade não tem relação causal com você. Se sua realidade não tem relação causal com você, como e porque estudar uma relação causal que não existe? Ou seja, se você não é o criador da sua realidade, buscar autoconhecimento é um absurdo.
Matéria é ilusão. Mas por que matéria é ilusão? Matéria é ilusão porque é experiência. E por que experiência é ilusão? Experiência é ilusão porque é efeito.
Imagine um filme em uma tela de cinema. O filme na tela é ilusão. Por que o filme na tela é ilusão? Porque não é o filme na tela que está criando o filme na tela, o filme na tela não é a fábrica do filme na tela, o filme na tela é efeito. A fábrica do filme na tela é o projetor. O projetor existe sem o filme na tela, mas o filme na tela não existe sem o projetor.
Experiência é ilusão porque ilusão é efeito.
Realidade é ilusão. Ilusão = realidade = efeito. Mas isso não significa, de modo algum, que sua realidade deva ser ignorada e desconsiderada. Pelo contrário, muito pelo contrário, muitíssimo pelo contrário, sua realidade deve ser sempre considerada, pois ela é efeito, e não é desconsiderando o efeito que você estuda a relação causa e efeito.
Nada é nada? Sim e não. Sim, porque se nada fosse alguma coisa, não seria nada, seria alguma coisa. E não, porque nada é potencial para tudo, para toda realidade. Nada é tudo-potencial, tudo é nada-realizado. Nada é a fábrica de tudo.
Você é nada e tudo. Todo ser é nada e tudo. Criador e criatura. Viver é brincar de se transformar em tudo.
Tudo sai do nada. Tudo que você experimenta sai do seu potencial. Por exemplo, se você é músico e está criando uma música, você é nada criando um tudo. Que tudo? A música. A música é sua manifestação, é você em forma de música. Imagine a natureza humana como sendo um instrumento musical. O que é sua realidade? Realidade é a música que você está criando e por isso, ouvindo, ou seja, experimentando.
Realidade é ilusão, mas é imprescindível para você viver bem, pois é só através do estudo do efeito que você pode obter conhecimento de causa. E para que serve conhecimento de causa? Serve para você melhorar a qualidade do efeito, ou seja, melhorar a qualidade da sua realidade. Vamos usar uma analogia para entender melhor isso.
Um sonho é uma ilusão. Por quê? Porque um sonho não é fábrica de si, sonho é produto. E qual é a fábrica do sonho? A fábrica do sonho é você, sonhador. Porém, se você não fosse o sonhador dos seus sonhos, que utilidade e sentido teria estudar a relação dos seus sonhos com você? Nenhuma! Sua realidade é como um sonho. Você é um sonhador. A realidade que você experimenta é a realidade que você cria para si.
É por isto que a prática da autociência é realizada através da investigação da relação causal entre você e sua realidade.
Tem bolo redondo e tem bolo quadrado. Por que um bolo é redondo e outro é quadrado? De onde vem a forma do bolo? A forma do bolo vem da fôrma. O bolo quadrado é quadrado porque a fôrma que o formou era quadrada. O bolo redondo é redondo porque a fôrma que o formou era redonda. O bolo tem a forma da fôrma. Só que forma é explícita e fôrma é implícita.
Observe sua realidade como sendo um bolo. Se sua realidade tem forma, então, tem fôrma. Mas cadê a fôrma? Percebe? Você não vê a fôrma que forma sua realidade porque a fôrma da sua realidade também é implícita. Para entender isso, vamos melhorar a metáfora.
Pense em uma imagem na tela do seu computador. A imagem na tela do computador é forma. Se é forma, tem uma fôrma. Mas cadê a fôrma que forma a imagem na tela do computador? A fôrma da imagem é o programa do computador.
Analogamente, assim como um computador usa uma fôrma chamada PROGRAMA para criar imagens na tela, você usa uma fôrma chamada NATUREZA HUMANA para criar a realidade que você experimenta. E assim como você não vê o programa que forma a imagem na tela do computador, você também não vê sua NATUREZA HUMANA.
Certa vez, fui visitar um amigo. Quando cheguei na casa dele, ele estava olhando fixamente para um rádio que ficava em cima da mesa. Mas não era um olhar comum, corriqueiro, habitual, era um olhar espantado.
— O que foi? — perguntei ao meu amigo.
— Esse rádio é mal-assombrado — ele respondeu.
— Como assim? — perguntei.
— Liga o rádio pra você ver! — ele me disse.
Eu liguei o rádio e começou a tocar uma música da Elis Regina.
— Está tocando Elis Regina — eu falei.
— A Elis Regina é viva? — ele me perguntou.
— Não, ela já morreu! — respondi.
— Está vendo! Esse radio é mal-assombrado, toca Elis Regina, Vinícios de Moraes e Tim Maia. Tudo gente morta. Toca até Beethoven, que já morreu faz séculos.
Comecei a dar risada. Meu amigo sabia o motivo do rádio tocar música de gente morta. Ele era músico e entendia de gravação. Mas o espanto do meu amigo era cientificamente pertinente.
— A bruxaria fica pior — ele me disse.
— Pior, como? — eu perguntei.
— Eu passo o dia inteiro escutando esse rádio e escuto pelo menos umas duzentas músicas por dia nele. Só que…
— Só que o quê?
Meu amigo pegou uma chave de fenda, desparafusou o rádio e retirou a carcaça de plástico que cobria os componentes eletrônicos.
— Olha só isso! — ele me disse.
— São os componentes eletrônicos do rádio — eu falei.
— Sim, mas cadê as músicas que ouço saindo daí de dentro? Se não estão aí dentro, como podem sair daí de dentro?
Caí na gargalhada. Meu amigo também.
Contei essa história para fazer uma analogia com o nada. Um rádio pode tocar qualquer música justamente porque não tem música nenhuma dentro dele. O nada é como um rádio, potencial para tudo. Sem o rádio não haveria música: o rádio é a fábrica de todas as músicas. Sem o nada não haveria realidade: o nada é a fábrica de todas as realidades.
Vamos à pergunta que não quer calar. Aquela que fica atravessada na sua garganta. “Então, por quê?” Essa é a pergunta. Você pensa assim: “Se sou criador da minha realidade, então, por que estou criando essa realidade que não gosto?”. Muitas vezes você experimenta realidades indesejáveis, desagradáveis, violentas, nojentas, injustas, hipócritas, etc, então, é inevitável você se perguntar: “Por quê? Se sou criador da minha realidade, então, por que estou criando essa realidade que não desejo para mim?”.
Melhor do que eu lhe dar uma resposta, vamos analisar sua pergunta. O que está implícito nessa pergunta? Está implícito que você desconhece a causa. Perguntar porque é perguntar sobre a causa. Então, o primeiro motivo de você criar uma realidade indesejada, é justamente para você se perguntar: “Qual é a causa?”. O segundo motivo é para você buscar a resposta e descobrir que realidade é efeito e que você é a causa da sua realidade.
Realidade indesejada é semelhante a uma música mal executada onde o músico erra as notas e toca fora de harmonia. Pense no seguinte, o violão tem como tocar melhor a música? Não! Pois é o músico que está tocando a música e não o violão. O violão é apenas o instrumento que o músico está usando para executar a música.
O mesmo acontece com você. Sua NATUREZA HUMANA é seu instrumento. Sua realidade é a música que você está tocando, e consequentemente, ouvindo. Assim como a causa da música mal tocada é a má execução do músico que está tocando o violão, a causa da má qualidade da sua realidade é sua má execução em ser humano.
A maestria ou falta de maestria do músico com o violão é tanto o problema como a solução da qualidade da música. Sua maestria ou falta de maestria em ser humano também é tanto o problema como a solução da qualidade da sua realidade.
“Nada” é como se fosse um violão. “Tudo” é como se fosse a música saindo do violão. Não tem problema no violão, nem na música saindo do violão, que é apenas resultado da execução do músico. Quando a música que você está tocando está mal tocada, a causa é sua má execução do violão. Quando sua realidade está de má qualidade, a causa é sua má execução em ser humano. Uma vez que você descobre o que você está errando na execução de tocar violão, você pode melhorar a execução da música. Uma vez que você descobre o que você está errando no uso da sua NATUREZA HUMANA para criar sua realidade, você pode melhorar a qualidade da sua realidade.
Só que você não sabe como funciona sua NATUREZA HUMANA, por isso você não consegue melhorar a qualidade da sua realidade. Para descobrir como funciona sua NATUREZA HUMANA e começar a usá-la bem, você deve praticar autociência e produzir autoconhecimento.
Você perdeu completamente a capacidade de perceber quão extraordinário é o ordinário, quão maravilhoso é o trivial. Você acha normal que a realidade seja tridimensional, dura, colorida, quente, fria, aromatizada, etc. Você acha normal que existam objetos. Você acha normal que os objetos estejam rodeados de espaço. Você acha normal o espaço ser vazio.
Acooooorda! Não tem nada de normal nisso! A realidade é um absurdo. Altura, largura e profundidade! Onde já se viu isso? Que maluquice é essa? Que delírio é esse? Todos os aspectos da realidade são um completo absurdo. Não tem lógica.
Só que você se acostumou com o absurdo. Você não vê mais o absurdo. Você bebe água e não percebe o absurdo líquido descendo pela sua garganta. Você faz yoga, aprende todos os pranayamas, mas não percebe o absurdo que é respirar. Você senta em posição de flor de lótus, passa 10 horas olhando para parede, mas não entra em êxtase com o absurdo que é se sentir dentro de um corpo olhando para uma parede. Você mastiga uma dúzia de cogumelos alucinógenos, mas não percebe a viagem que é ter dentes, mastigar e sentir sabor.
Você não percebe mais quão extraordinário é o ordinário. Você vive como um zumbi. Por isso que você busca experiências espirituais e transcendentais. Seu adormecimento é tão profundo que você precisa transformá-lo no pesadelo da busca pelo extraordinário para conseguir acordar. Tremendo equívoco!
Quer atingir a iluminação? Grátis e imediata? Sem blablablá? Sem trelelelê? Sem precisar ficar sentado em posição de flor de lótus? É simples! Sai correndo e dá uma cabeçada bem forte na parede. Sinta o absurdo da dureza. Sinta o absurdo da dor. E pronto!
Ano 3050, um repórter entrevista o cientista chefe do experimento AGORAVAI sobre a descoberta cientifica mais revolucionária de todos os tempos.
— O que foi que vocês descobriram?
— Descobrimos a PDPN.
— O que é isso?
— É a partícula fundamental da matéria.
— Que partícula é essa?
— PDPN é a Partícula De Porra Nenhuma.
— Quer dizer que tudo é feito de porra nenhuma?
— Exato! PDPN é a porra que fecunda e dá origem a tudo.
O repórter vira para câmera e encerra a reportagem:
— Pronto! Finalmente descobrimos do que tudo é feito! Eu, você, tudo e todos somos feitos de porra nenhuma! Quando imaginaríamos uma porra dessas!? Direto do AGORAVAI, fui.
Quem trata do existencial no ocidente não é a filosofia, são as religiões. Os filósofos ocidentais são materialistas e têm alergia de religião, por isso deixam de lado o existencial e pulam para o psicológico e o social. Prova disso é que Nietzsche matou Deus.
Não! O único autoconhecimento que você adquire com o despertar existencial é o autoconhecimento existencial. Você fica consciente da sua natureza existencial, só isso e nada além disso. O despertar existencial é existencial, não é psicológico, nem pessoal, logo, não produz nenhum autoconhecimento psicológico e pessoal. Para viver bem, você precisa descobrir como você funciona enquanto pessoa, para descobrir isso, você precisa praticar auto-observação psicológica e pessoal.
Sendo literal e autocientífico, esse exercício pode te conduzir a conscientização de que tudo que você chama de realidade é uma experiência. E essa conscientização pode te conduzir a iluminação.
Que distância? Qual é a distância entre você e sua realidade? Eis uma ótima prática para despertar a consciência! Observe a distância entre você e sua realidade. Pegue uma régua e procure medir a distância entre você e sua realidade. Você irá perceber que a régua também é realidade, então, não serve para você medir a distância entre você e sua realidade. Mas você pode colocar a régua na frente do seu corpo e medir a distância entre seu corpo e a parede. Só que tanto seu corpo, como a régua, como a parede, são a mesma experiência, é a mesma realidade. O desafio é você medir a distância entre você e sua realidade. Se você faz essa prática, se faz mesmo, você desperta e percebe que não existe distância, que distância é experiência de fisicalidade. Você é simultaneamente criador da sua realidade e a realidade que está experimentando. Não tem distância entre criador e criatura, entre observador e observado.
Imagine que você está jogando um videogame. Você é um personagem em frente uma caixa. Você abre a caixa e tem um gato dentro. O gato estava dentro da caixa antes de você abrir? Se você partir da premissa materialista que supõe que a realidade é externa, dimensional, e temporal, independente da observação, você dirá que sim. Óbvio que o gato estava dentro da caixa, caso contrário, você não teria visto o gato quando abriu.
Essa resposta está perfeita na lógica materialista. Só que você é um personagem em um videogame e não um corpo material no universo. No videogame, nenhuma realidade se faz presente na tela até que você a crie através do controle (arbítrio). Enquanto você não opta por abrir a caixa, não tem sequer a imagem do interior da caixa, pois o videogame não criou essa imagem na tela ainda. Então, pode ter um gato dentro da caixa, mas também pode ter um repolho roxo, um pote de sorvete, um sapo, uma cebola, etc, infinitas possibilidades.
Sua decisão em abrir a caixa é o tal do colapso de onda. Você opta por abrir a caixa e experimenta a realidade resultante dessa opção. A partir desse momento, e só a partir desse momento, o videogame cria a realidade do interior da caixa com um gato dentro. Se você ignorasse que está jogando um videogame, você teria a convicção de que o gato é uma coisa material dentro de uma caixa material e que ele apareceu dentro da caixa porque já estava lá dentro.
Pense em um videogame. Na realidade virtual de um videogame também tem “leis da natureza”, só que você sabe que são criações do videogame. Nessa experiência humana que você está tendo, é a mesma coisa, só que você ignora que são leis do egogame.
Você não tem como conhecer a interface, pois a interface é anterior a sua realidade. A interface é a fábrica que está criando sua realidade e você só consegue saber do produto e nunca da fábrica. A única coisa que você pode dizer da interface, é que existe, que está instalada em você, e que está criando sua realidade, caso contrário, sua realidade seria um caos, ao invés de ordenada espacialmente e temporalmente como é.
Praticando auto-observação existencial. Se você observar atentamente os movimentos do mágico no vídeo abaixo, você se tornará consciente do truque que o mágico está executando. Você é um ser humano. Sua humanidade é um mágico. É sua humanidade que está produzindo o truque da experiência humana que inclui sua experiência de materialidade e externalidade. Auto-observação existencial é assistir seus próprios movimentos mentais até que o truque da materialidade e da externalidade se tornem evidentes. Uma vez que se tornam evidentes, não tem mais mágica, vira autoconhecimento.
Observe que lugar é experiência de fisicalidade. Observe que seu corpo é experiência de fisicalidade. Observe que seu corpo deslocando pelos lugares é experiência de fisicalidade. Observe que o ato de experimentar não é uma experiência e não sai do lugar.
Imagine que você (ser) e todos os outros (seres) humanos estão jogando um videogame. Todos nasceram com um óculos de realidade virtual e não conseguem tirar. Cada um está “enxergando” o mundo “externo” através dos seus óculos de realidade virtual. Vocês acreditam que existe um mundo externo, pois quando conversam, entram em acordo sobre o que estão “vendo”. Só que não tem nenhum mundo externo. Cada um está vendo apenas a telinha dos seus óculos de realidade virtual simulando um mundo externo. É mais ou menos assim.
Por isso que iluminação não é uma experiência. Toda experiência é observada. Na auto-observação existencial, você observa o tudo. E atenção! Não estou falando em observar todas as coisas, estou falando em observar a totalidade da sua realidade (tudo). De repente, você percebe que você é o observador observando esse tudo. E que você não está no tudo. E puf! Você fica consciente que você é nada observando o tudo.
Imagine uma televisão que nasceu assistindo a si mesma. Essa televisão vai acreditar que as imagens na tela são a tela. As imagens estão mais perto do que perto, estão na tela e a televisão nasceu assistindo as imagens, então, a televisão não tem como colocar um espaço entre a tela e a imagem. Até porque, não existe de fato espaço separando a tela da imagem na tela. Como separar? Simples. A tela é a fabrica e a imagem é o produto. O mesmo está acontecendo com você. Você-causa = televisão. Você-efeito = realidade. A televisão está assistindo a si mesma, você também.
Tem um capítulo do livro Mayasang chamado “Janela do óbvio”. Nesse capítulo conto uma conversa ocasional que tive com um grande amigo. Vou transcrever esse capítulo aqui para ajudar a responder sua pergunta.
Meu apartamento ficava no décimo sétimo andar e Marcos, solidariamente, quando queria fumar, se deslocava até a janela. Às vezes ficávamos conversando alí enquanto os integrantes da sangha interagiam na sala. Certa vez, nossa conversa foi assim:
— Está vendo esses carros se movimentando pela rua?
— Sim, estou — Marcos respondeu.
— Percebe a sincronia?
— Como assim?
— Todos os carros estão se movimentando ao mesmo tempo.
— Sim, estão.
— E as nuvens também?
— Como assim?
— O movimento das nuvens está acontecendo ao mesmo tempo que o movimento dos carros.
— Sim, percebo.
— As pessoas andando na rua, também estão em sincronia. O movimento das pessoas está em sincronia com o movimento das nuvens e o movimento dos carros. Sensacional isso, não acha?
— Sim, mas onde você está querendo chegar com isso?
— Aqui, nessa conversa, que também é um movimento que está em sincronia com o movimento das pessoas, das nuvens e dos carros. Todos os movimentos acontecem em sincronia, percebe? Mas por que?
— Por que o quê?
— Por que todos os movimentos acontecem em sincronia?
Marcos ficou olhando os movimentos acontecendo feito uma orquestra tocando uma sinfonia. Só que não tinha partitura, nem maestro. Não havia nada regendo a sincronia. A sincronia dos movimentos era evidente, óbvia, inegável, mas o motivo, se houvesse, era nenhum.
— Não sei.
— Continue olhando que você verá o óbvio por si mesmo.
Enquanto Marcos olhava os diversos movimentos, eu lhe disse:
— Todos os movimentos acontecem em sincronia porque é um movimento só.
— Como assim?
— Não são vários movimentos em sincronia. Não tem sincronia nenhuma. É um movimento só, monobloco, que supomos múltiplo devido outra suposição.
— Que outra suposição?
— O espaço.
Marcos foi retornando o olhar para a sala do apartamento e caindo em si. Seu semblante era um misto de espanto e sorriso de Monalisa. Ninguém jamais seria capaz de retirar de Marcos o óbvio para o qual ele estava despertando, nem mesmo o próprio Marcos.
Isso que expliquei ao Marcos foi o primeiro passo para ficar consciente que sou nada. Observei a realidade e percebi que realidade não são vários movimentos em sincronia, é um movimento só, monobloco. O segundo passo foi perceber que a realidade não está do lado de fora, que é uma experiência, então, não é material, nem externa, é uma criação mental dentro de mim. O terceiro passo foi perceber que se realidade é tudo, inclusive meu corpo, então, eu, experimentador do tudo, sou nada.
Inclusive isso, mas não apenas isso. Criar realidade é criar tudo. Tudo do verbo tudo. Tudo do verbo absolutamente tudo. Tudo do verbo tudo, tudo, tudo, tudo mesmo. Tudo do verbo sem exceção. Criar realidade é criar a experiência física e o significado da experiência física. Olhe para um objeto ao seu redor. Qualquer um. A cadeira, por exemplo. Essa cadeira não está “do lado de fora”, está dentro de você-ser. Como é que essa cadeira está dentro de você? Simples! Você está criando essa cadeira dentro de você assim como uma televisão. Você-ser é como uma televisão. Realidade é criação mental dentro de você-ser, assim como um filme é criação dentro de uma televisão. Agora, além da cadeira ser um objeto, ela tem um significado. Quem cria o significado que você dá a cadeira? Você também. Primeiro você cria a cadeira como objeto e depois cria um significado. Você cria tudo.
A ilusão está acontecendo de fato, obviamente.
Sim, tudo que você está vendo agora e sempre é virtual. Olhe para um objeto. Note que é um objeto tridimensional com altura, largura e profundidade. De onde vem altura, largura e profundidade? Faz parte da estrutura do universo? O universo é tridimensional? Não! O universo é adimensional. O universo não tem dimensão nenhuma. Altura, largura e profundidade são construções mentais humanas para você conseguir lidar de forma humana com os estímulos adimensionais que chegam até você.
Muito abstrato? Calma! Para facilitar o entendimento, vou explicar fazendo uma analogia. Pense na internet. Você está pesquisando um site para comprar um sapato. Você clica e aparece um sapato azul na tela do seu navegador. Esse sapato azul tridimensional que você está vendo na tela, com altura, largura e profundidade, saiu da loja, percorreu o fio da internet e chegou na tela do seu navegador?
Claro que não! O sapato é virtual. O que saiu da loja e chegou no seu navegador foram sinais de internet e não o sapato. O sinal da internet é feito de impulsos. Impulsos não tem altura, nem largura, nem profundidade. Impulsos são adimensionais. O que está criando um sapato tridimensional na tela do seu computador é a decodificação que seu computador está fazendo dos impulsos.
O mesmo está acontecendo com essa realidade que você está experimentando agora e sempre. Ela é sua decodificação humana e dimensional de impulsos adimensionais. Ou seja, é uma realidade virtual humana.
Sim, você cria seu sol, sua experiência de sol. Caso contrário, como você poderia estar experimentando essa experiência que chama de sol?
Sim, mas é preciso entender o que significa infinito e eterno. Para mentalidade materialista, infinito é algo muito grande, eterno é o que dura muito tempo. Isso é um equívoco. Muito muito muito grande, não é infinito, é muito muito muito grande. Muito muito muito tempo, não é eterno, é muito muito muito tempo. E o que é infinito, então? Infinito é adimensional. E o que é eterno? Eterno é atemporal. O atemporal é a fábrica do tempo. O admensional é a fábrica das dimensões (forma, grandeza). Você (ser) é atemporal e admensional. Você é a fábrica do espaço-tempo.
Somos igualmente seres (nadas), mas cada um é um nada diferente. Prova disso é que eu não sou você, nem você sou eu, somos um e outro.
Consciência não cria realidade, apenas constata a realidade criada. Quem cria a realidade é a potência e não a consciência. Essa ideia de que a consciência cria a realidade é um equívoco disseminado pela física quântica.
Para física quântica a consciência nada mais é que deus com roupa de laboratório científico, mas é deus igual o deus da religião. A física quântica confunde a capacidade que o ser tem de testemunhar sua criação com a capacidade de criação. Vou fazer uma analogia com a imaginação para ilustrar esse equívoco.
Imagine o Gato de Botas. Você está vendo o Gato de Botas na sua imaginação porque está criando o Gato de Botas na sua imaginação. Contudo, sem imaginação, como você poderia estar vendo o Gato de Botas? Não poderia.
Criar a realidade e testemunhar a realidade não é a mesma coisa. Consciência é testemunhar. Criar é potência. Você-ser tem 3 aspectos: existência, potência e consciência. Sem o entendimento desses 3 aspectos surgem equívocos como esse da física quântica de igualar consciência com potência.
Você está recriando sua realidade a todo instante, mesmo inconsciente disso. Se você não recriasse sua realidade a todo instante, ela seria como uma fotografia, sempre a mesma imagem. Mas ela é como um filme, porque você, consciente ou não, está ininterruptamente recriando sua realidade. O problema é que sua realidade está uma bosta e você recria um cocô. Enquanto você não desperta a consciência e se torna um criador consciente, não tem como ser diferente, você ficará só alternando de bosta para cocô.
Eis como nascem os deuses unicórnios. Quando você diz “O” nada, você está terceirizando a si mesmo. Não existe “O” nada. Nada é você. O criador da sua realidade é você-nada.
A realidade sensorial (física) é semelhante para todos os seres humanos, pois todos estão usando a mesma interface humana para interação. A prova disso é que, caso contrário, seria impossível a comunicação humana.
Não prova, mas cria um enorme “ENTÃO PORQUÊ?”. Se matéria é material, ENTÃO POR QUE se comporta de forma diferente com a medição?
O que determina sua realidade é seu arbítrio. Arbítrio é causa, realidade é efeito. Nesse exato momento, você está experimentando a realidade dessa leitura, porque está optando por isso. Se você mudar de opção, imediatamente começará a experimentar outra realidade. Vamos supor que decida desligar o computador, ir até o banheiro e tomar banho. Sua experiência será exatamente essa.
Natureza humana é essa interface que você está usando para brincar de ser humano.
Você-ser é uma unitrindade: existência, potência e consciência. Potência é seu potencial de realização. Uma boa maneira de você pensar em potência é pensar em semente. A semente de uma árvore é uma árvore potencial. Analogamente, você-ser, é a semente de tudo que você pode se transformar.
Espiritualidade é existencialidade.
Você-ser é nada. Nada é tudo que existe.
O que te impede é o hábito de acreditar no materialismo. Seus educadores lhe ensinaram a viver na mentalidade materialista e, desde cedo, você transformou essa mentalidade em um hábito. Esse hábito foi sendo alimentado e se tornou tão forte que você nem percebe que é um hábito.
Nada! Tudo na sua realidade é decodificação da manifestação dos seres. Sua decodificação da manifestação dos seres não são os seres em si, assim como o que você vê na tela do seu computador não são os sinais de internet.
Separação é um conceito materialista. O melhor é você pensar que cada ser é uma unicidade existencial diferente.
Sim, só que uma pessoa de mentalidade materialista também pode fazer a mesma pergunta e dar a mesma resposta: eu. A diferença é que o “eu” da pessoa de mentalidade materialista, é o corpo, e o “eu” da pessoa desperta, é o nada.
Esse é o equívoco do materialismo. Para ficar consciente da natureza da matéria, você deve estudar OS cinco sentidos e não COM os 5 sentidos. Você deve investigar como os 5 sentidos criam a perspectiva perceptiva de materialidade que você chama de matéria.
Não impede. Isso é um equívoco. O que te impede de ter consciência existencial é que você nunca praticou auto-observação existencial. Só isso! Pratique auto-observação existencial e será o fim do impedimento.
Se te pergunto O QUE é isso, apontando para uma cadeira, por exemplo, você foca a consciência nos cinco sentidos, fica consciente de um objeto, lembra que o nome desse objeto é cadeira e responde: isso é uma cadeira. Se te pergunto O QUE é você, você executa o mesmo processo, foca a consciência nos cinco sentidos, fica consciente de um objeto, lembra que o nome desse objeto é corpo e responde: sou um corpo contido no espaço. Ou seja, você acredita que sua existência se resume a ser um corpo contido no espaço porque você usa como base existencial o critério materialista de existência. O critério materialista de existência se baseia nos 5 sentidos. Para o materialismo, O QUE EXISTE é o mensurável, o perceptível, o experimentável, mesmo que através de medição instrumentalizada. O critério materialista de existência não é errado. Mas é incompleto e invertido. Você não é apenas um corpo contido no espaço, você também é o espaço que está contendo o corpo. Você é nada e tudo: nadatudo. Você-corpo é tipo uma imagem no espelho. Assim como a causa da imagem no espelho não é a imagem no espelho, a causa de você se experimentar como corpo não é o corpo. Esse é o problema de usar o critério materialista de existência. Você passa a ignorar que você-corpo (tudo) está dentro de si mesmo (nada). Você passa a acreditar que sua existência é você-cheio, você-objeto contido no espaço. Só que é justamente o oposto. Sua existência é o espaço que contém o seu corpo. VoSer é o espaço. Você está contido em voSer. Isso é inconcebível para o critério materialista de existência. Eis a dificuldade do despertar existencial.
Porque todo ser é igualmente um ser.
Para existir niilismo de verdade, o verbo acreditar teria que ser intransitivo, ou seja, sem complemento. Bastaria você dizer “eu não acredito” e pronto, você já seria niilista. Porém, tanto o acreditar como o não-acreditar tem objeto (complemento). Quando você acredita, você acredita em algo. Quando não-acredita, também não-acredita em algo. Ou seja, é impossível ser niilista porque é impossível não acreditar em algo e não atribuir significado. Para ser niilista de verdade, você teria que ser um repolho, ou uma vaca, ou um mosquito, ou uma pedra. Seres humanos são seres que inevitavelmente pensam e acreditam. Logo, são inevitavelmente incapazes de serem niilista.
O primeiro motivo é que o existencial é o estudo do ser e o ser não é humano. Isso deixa você desorientado porque você ignora que é um ser humano, você acredita que é um humano ser. O segundo motivo é que sua mentalidade é materialista, então, você quer ser alguma coisa e o estudo existencial deixa óbvio que você-ser é nada.
Pelo mesmo motivo que você se olha no espelho: se ver. Ou seja, obter autoconhecimento.
Primeiro, porque não é de entender, é de ficar consciente. Depois, porque quando aparece a palavra VOCÊ nos textos da 1ficina, significa Ser Humano, só que você lê Humano Ser. Até cair essa ficha, demoooora!
Porque matéria é experiência de materialidade e experiência acontece dentro do observador e não no objeto observado.
Por que você quer ser alguma COISA. Mesmo que for uma COISA espiritual, ou uma COISA transcendental, ou uma COISA quântica, ou uma COISA metafísica. Enfim, qualquer COISA é melhor que nada.
Porque não tem nada para ser entendido. Nada é zero. Tente resolver uma equação matemática só com zeros. Por exemplo: 0 + 5×0 – 0/0 = ? Como entender e processar uma conta assim? Não tem como. Seu raciocínio é incapaz de raciocinar o zero. É por isso que você não entende nada do nada.
O nada não é raciocinável. Se eu te digo, pense em nada, seu raciocinio pensa em 1 nada. Pensar em 1 nada, é pensar em 1, não é pensar em zero. Quando te digo para pensar em nada, você pensa em 1 buraco, 1 vazio, 1 fantasma, ou algo assim. Você só consegue raciocinar uma coisa. É impossível raciocinar o nada.
Nada é sua natureza existencial. Quando você pratica auto-observação existencial e fica consciente da sua existência, você desperta para o nada. O problema é tentar entender o nada através do raciocínio, daí não é autoconhecimento existencial, é raciocínio sobre uma explicação de autoconhecimento existencial.
Porque sentir é uma experiência e despertar existencial não é uma experiência, é ficar consciente sobre o que é experimentar. Nesse caso, ficar consciente que a realidade externa não é externa, apenas parece externa, porque é uma experiência de externalidade.
Só que isso é tão simples que você começa a duvidar: “Iluminação não pode ser só isso. Não mudou nada. Está igual antes. Tem que ter alguma coisa a mais. Não sinto isso. Cadê o êxtase da iluminação? Cadê o nirvana? Cadê os códigos fontes da Matrix? Cadê a porra toda? Eu quero a porra toda!”. Desculpae, mas iluminação não acrescenta nada, retira os equívocos.
Iluminação é menos!
Ao entrar na experiência humana, você, assim como todo ser, assume a lógica materialista e a partir daí edifica todo seu conhecimento e autoconhecimento. Seu AUTOCONHECIMENTO está alicerçado no materialismo: eu sou um corpo. Seu CONHECIMENTO também está alicerçada no materialismo: o outro é outro corpo. Quando a 1ficina explica que matéria não é material, ou melhor, quando a 1ficina esfrega na sua cara que matéria é experiência de fisicalidade, é como se a 1ficina estivesse jogando uma bomba atômica na sua mentalidade materialista e explodindo sua noção de “eu”. Sua mentalidade materialista se sente ameaçada, ela não quer morrer. O que você chama de “resistência” é seu hábito de acreditar no materialismo lutando para sobreviver. Essa resistência é natural e inevitável. Faz parte do processo de despertar existencial.
Porque é óbvio. Eu não sou você. Eu sou outro você. Outro ser. Se você fosse eu, o criador da minha realidade seria você e não eu. Mas o criador da minha realidade sou eu e não você.
Porque seu raciocínio é materialista e o nada é inconcebível para lógica materialista. A afirmação de que você é nada, é mais inconcebível ainda.
Nenhuma. Uma interface de computador é um conjunto de fôrmas eletrônicas. Você já reparou no nome do processo computacional que apaga tudo e reinstala o sistema de um computador. Esse processo se chama “formatação”.
A lógica da explicação existencial é a lógica existencial. Só que a lógica existencial é uma lógica atemporal e adimensional. Então, não tente entender a lógica maior pela menor. Não tente encaixar o atemporal e adimensional dentro do temporal e dimensional. Faça o oposto. Perceba que a lógica do materialismo está contida na lógica existencial. Perceba que temporalidade e dimensionalidade é produto da existência. Percebido isso, problema resolvido.
Não é hardware, é nadaware. Esse nadaware é voser (você-ser).
Não, você-ser é nada. Sempre foi e sempre será nada. Você-ser é nada antes de nascer e continua sendo nada depois que morre.
O que você usa para chutar a bola: o pé ou a perna? Você usa tanto o pé como a perna. Até porque o pé faz parte da perna. Analogamente, quem está criando sua realidade é você-ser, mas através da interface humana.
Nem eu, nem você, nem ninguém, nem coisa alguma. Só que eu sei disso e você ignora. Se quiser saber também: acorde!
Exatamente! Igual na metáfora do cinema. O projetor está permanentemente criando o filme, por isso o filme na tela é impermanente, dinâmico, vivo. O mesmo está acontecendo agora e sempre com isso que você chama de realidade. Você é o projetor e o filme é a realidade que você está experimentando, por isso sua realidade é impermanente, dinâmica, viva. Caso contrário, você passaria a eternidade assistindo uma fotografia.
Realidade é real. Por isso chama REALidade. Você está a todo instante experimentando sua realidade. Como não é real? Óbvio que é real! A dificuldade de entendimento está na palavra “real”. O raciocínio funciona por antônimos. Calor é antônimo de frio. No caso da palavra ilusão, o antônimo é real. Só que a 1ficina iguala real com ilusão. A 1ficina diz que realidade = ilusão. A 1ficina pega algo que seu raciocínio considera antônimo e diz que é sinônimo. Seu raciocínio pira, fica sem base de oposição. Para piorar, a 1ficina diz que o oposto de ilusão é você. Daí trava tudo! Falha na Matrix!
Exatamente assim como é.
Sim! Tudo é possível. Não existe nada impossível no universo. O universo é potencial para tudo. Tudo do verbo tudo. Tudo do verbo tudo mesmo. Tudo do verbo absolutamente tudo. E você é um dos criadores desse tudo. Imagina o tanto de realidade que você pode criar! As possibilidades são infinitas. Não tem limite para sua criatividade como criador de realidade. É pouco ou quer mais?
Só que atualmente você se limitou as possibilidades da criação humana. Você escolheu usar a interface humana para criar realidade, assim como um músico escolhe usar um piano e outro músico escolhe usar um violão. Mas ainda assim, suas possibilidades de criação nos limites da interface humana são incontáveis.
Pense, por exemplo, em quantas músicas já foram criadas na história humana. Milhões de músicas. Uma música mais maravilhosa que a outra. E quantas notas musicais existem? Apenas sete: dó, ré, mí, fá, sol, lá, si. Todas as incontáveis músicas que existem no mundo foram criadas usando apenas sete notas músicais. Não tem uma oitava nota. Só tem essas sete. Então, mesmo dentro do limite da interface humana, as possibilidades de criação de realidade humana são incontáveis.
Sim, o que você chama de matéria não é matéria, é experiência de fisicalidade. Experiência de fisicalidade é feita de uma gama de atributos: altura, largura, profundidade, cor, peso, textura, cheiro, etc. Esses atributos da experiência de fisicalidade são atribuídos pela sua natureza humana. Sua natureza humana está em você. Então, quando você estuda os atributos da matéria, está estudando a si mesmo, está estudando sua humanidade. Não existe conhecimento sem conhecedor, então, todo conhecimento é autoconhecimento.
Ser é feito de existência.
Sim, o que importa não é a FORMA da realidade que você está experimentando e sim o SABOR que tem para você. De que adianta você se colocar numa realidade de meditação quando o que você quer mesmo é andar de bicicleta? Que gosto bom pode ter uma realidade que se cria a contra gosto? Só que esse equívoco é muito comum. E pior! É santificado, glorificado e pintado de elevação espiritual.
Posso fazer um agora. Observe TUDO isso que você está experimentando e perceba que é TUDO uma experiência só, seja pensamento, seja objeto, seja som, seja tato, seja o que for, observe que TUDO isso é parte integrante de um TUDÃO. Observe esse TUDÃO e perceba que esse TUDÃO é uma experiência de TUDÃO da qual você está sabendo, caso contrário, não estaria sabendo. Procure no TUDÃO esse saber que está sabendo do TUDÃO. Você não irá encontrá-lo em lugar nenhum, embora seja inegável. Perceba, então, que se esse saber é inegável, mas não está no TUDÃO que você está observando, então, esse saber é NADA. Pronto!
A terminologia da pré-existência é uma pedagógica para explicar a existência para interlocutores de mentalidade materialista. Interlocutores materialista igualam realidade com existência. Se você perguntar para um materialista se a cadeira existe, por exemplo, ele dirá que sim, que a cadeira existe. Então, para dar a esse tipo de interlocutor a noção de causa, uma vez que ele está confundindo causa e efeito, uso a terminologia da pré-existência. É uma terminologia ruim, materialista, mas uma vez que o interlocutor está acreditando no materialismo, é útil e o ajuda a vislumbrar o que ele está confundindo. Os vídeos no Youtube são assistidos por muitas pessoas leigas em autociência, por isso, em alguns vídeos, uso a pedagógica da pré-existência.
Tocar é experiência de fisicalidade. Você não toca os objetivos, você tem uma experiência de fisicalidade de que você é um corpo físico tocando outros objetos físicos. Parece concreto porque experiência de fisicalidade é exatamente assim, experiência de forma, experiência de corpo, experiência de objeto, experiência de concretude.
Não é correto dizer que comprovei com o verbo no passado, pois é um saber constante, presente, no gerúndio. Eu vivo em constante comprovação. Eu vivo sabendo que matéria é experiência de fisicalidade.
Não, pois o despertar da consciência não muda o jogo, muda seu jeito de jogar.
Estudo do ser humano no aspecto existencial, psicológico, pessoal e social.
Aula do ciclo de estudos de autociência – EUreka 2021