O trabalho da 1ficina é explicar o óbvio sobre ser humano. Mas a explicação do óbvio não é o óbvio. Aliás, óbvio é inexplicável.
Como explicar a amarelidade do amarelo? Impossível. E mais! Desnecessário. Amarelo é obviamente e inexplicavelmente amarelo. Para explicar a amarelidade do amarelo basta apontar para o amarelo. O olhar olha e vê. Pronto! A amarelidade do amarelo está explicada sem explicação, está evidente, está explícita, está óbvia.
Explicar o óbvio é como explicar cor para cego: é inútil e impossível. E por que a 1ficina se dispõe a fazer isso? Porque você, leitor, não é cego, apenas está dormindo. Você pode abrir os olhos e sair da ignorância sobre ser humano.
O trabalho da 1ficina é te ajudar nesse despertar. Mas para tanto, não leia esse livro, nem qualquer outro livro da 1ficina tentando aprender, leia tentando despertar a consciência. Explicações são placas. Não olhe para as placas, olhe para onde as placas estão apontando. As explicações da 1ficina apontam para você. Olhe para si.
Uma coisa é somar coisas, como uma laranja e um abacate. Outra coisa é somar fantasmas, como xis mais ípsilon. O resultado da soma de xis mais ípsilon é tão fantasmagórico como xis e ípsilon.
Esse é o problema de equacionar conceitos sem ter ciência do que se está equacionando. Saber a explicação não é estar ciente do que está sendo explicado, é apenas saber a explicação.
Você só precisa de explicação quando não está consciente ainda. Que explicação você precisa para saber que fogo queima? Que explicação você precisa para ver as cores?
Explicações são meu-bem meu-mal na prática do autoconhecimento. São mapas para lhe ajudar no despertar da consciência. Só que o mapa não é o território. Por isso, quanto mais você soma, divide e multiplica conceitos, mais você afunda na matemática de fantasmas e menos entende.
Para sair da teoria, livre-se dos livros e leia-se!
Explicações são placas que apontam para alguma obviedade, não é a obviedade em si. Explicações sobre o que é ser humano são placas que apontam para você. Mas você não é uma explicação. Você é obviamente você.
É um absurdo que existam explicações sobre o que é ser humano uma vez que você é um ser humano. Mas existem. E por que existem? Porque você não é óbvio para si?
Seu autoconhecimento não é produto de evidenciação, é produto de aprendizagem, educação, cultura. Seu autoconhecimento é um amontoado de blábláblá e decoreba. Viver é colocar o autoconhecimento a prova. Não funciona copiar e colar nessa prova. Por isso você vive mal.
Crenças são explicações que nascem da ignorância e só sobrevivem na ignorância. Você só acredita quando ignora. Quando é óbvio, acreditar é impossível, pois a própria evidenciação é a explicação.
Quando você é criança, por exemplo, você ignora como nasceu. Então, você vai perguntar sobre seu nascimento a alguém que, segundo sua memória, já existia antes de você existir. Você pergunta aos seus pais: “Como eu nasci?”.
Seus pais decidem que não é apropriado lhe apresentar ao óbvio ainda e respondem: “Uma cegonha trouxe você”. Para reforçar essa crença, eles lhe mostram uma linda ilustração. Você acredita por ignorar o óbvio.
Passado algum tempo, se você é homem, você introduz o óbvio em sua parceira, ou então, se você é mulher, o óbvio é introduzido em você. Nove meses de gestação. Nasce seu filho. Morre a crença na cegonha.
Verdade é o que você acredita ser verdadeiro. Mas o que você acredita ser verdadeiro não é demonstrável, então, não é comprovável. Por isso você não consegue convencer o outro de verdade alguma.
Vamos supor que você acredite que Elvis Presley é lindo. Como você pode demonstrar isso? Como o outro pode comprovar? Impossível. “Elvis Presley é lindo” mora dentro da sua crença, ninguém tem como comprovar isso.
Só o óbvio é demonstrável, comprovável e dispensa argumentos. Quando alguém não sabe que fogo queima, por exemplo, você não precisa argumentar, basta riscar um fósforo e pedir para pessoa colocar a mão no fogo.
Óbvio não precisa de advogado de defesa. Só verdade precisa de convencimento. Porém, não sendo óbvia, jamais convence. Por isso, briga é sempre de verdade contra verdade, nunca sobre o óbvio.
Quer parar de acreditar e começar a saber? Então, desista de buscar respostas e se torne um fabricante de perguntas. Questione toda e qualquer resposta que tiver, alheia ou própria. Não se preocupe com respostas, se ocupe em exercitar a inteligência.
Uma vez que você formule a pergunta, a resposta surgirá inevitavelmente, pois a resposta é sempre a mesma: você.
Resposta é cartão postal de onde você irá chegar quando conseguir formular a pergunta. Ao invés de colecionar cartões postais, trilhe o caminho das perguntas. Até porque, só tem uma pergunta a ser feita. Sabe qual? Se não sabe, comece a se perguntar agora mesmo.
Parte do trabalho de um guru é apontar para o seu cu, para sua ferida, para seu equívoco, para causa do seu sofrimento. Mas se seu guru não for humano igual você, se não tiver cu igual você, que competência ele tem para falar do cu seu? Daí fica igual padre dando conselho de casamento. Minha sugestão é que você levante a batina do seu guru e confira a humanidade dele. Se ele tiver cu igual você, se for humano: ponto para ele.
Mas não pare sua investigação no primeiro cu. Guru que é guru tem dois cus. O primeiro cu é o que faz dele humano igual você. O segundo cu é o que faz dele guru: iniciativa em ser o primeiro a colocar o cu na reta (ser praticante do que professa). Afinal, não é preciso maestria para falar do cu filosófico, nem do cu alheio.
Se você tiver um guru, investigue debaixo da batina dele. Se não tiver dois cus, tenha você: desista dele!
Muito já foi dito sobre ser humano. Muito muito muito mesmo! Então, recorrentemente, pessoas que já leram muito sobre o assunto, ao perceberem que explico diferente, e muitas vezes, até o oposto do que leram, vem me questionar: “Ah, mas fulano fala isso, ciclano fala aquilo, beltrano fala grilo e crocodilo”. Eu pergunto: “Sabe por que eles falam isso?”.
Meu interlocutor responde: “Não, por quê?”. E fica aguardando a resposta, crente que vou explicar o motivo dos mestres e gurus falarem o que falam. Mas o que os outros falam não é problema meu. E tem infinitos motivos para uma pessoa defender um equívoco: raiva, orgulho, fidelidade à tradição, medo, ignorância, etc. Não tenho como saber. E não preciso saber. É irrelevante. Então, respondo: “Eles falam isso porque tem boca!”.
Não importa porque alguém fala o que fala. E também não importa o tamanho da fama e da graduação de quem está falando. Quem tem boca fala o que quer. Mas quem experimenta na pele o resultado de tudo que você acredita é você. Então, o que importa é porque você acredita no que está sendo dito sem comprovar por si mesmo. Não seja crente, seja autocientista. Comprove por si mesmo. E deixe que digam, que pensem, que falem.
Você sabe porque eles falam
Até a voz ficar rouca?
Eles falam porque tem boca
Eles falam porque tem boca
Quem tem boca fala o que quer
Não se espante
Cada cabeça falante
Tem sua tromba de elefante
Quem tem boca fala o que quer
E o que acredita
O pobre fala marmita
O padre fala mesquita
É comum pessoas de culturas espiritualistas virem conversar comigo. É muito comum também, durante estas conversas, me perguntarem se acredito em espírito. Digo que não. Surge um mal estar na conversa. Primeiro deixo o mal estar fazer seu trabalho, depois explico que não acredito em espírito porque, para mim, é evidente, não é crença.
O ânimo espiritualista volta. Daí me perguntam: “O que é espírito?”. Respondo, olhando no olho da pessoa: “Espírito é você!”. A pessoa trava. Impressionante. A pessoa já leu todos os livros, sabe tudo sobre a vida dos espíritos, todas as fofocas, mas não sabe de si por si.
“Como assim, espírito sou eu! Explica melhor!”, as pessoas me dizem. Respondo, devolvendo a responsabilidade: “Como eu, que não sou você, posso fazer você ficar consciente de si?”.
Mas entendo a dificuldade. O que somos é mais perto do que perto. Por isso o oráculo aconselha: “Conheça a ti mesmo e conhecerá o universo e os deuses”.
Acreditar em espírito não é a solução para o despertar espiritual, é o problema, é o que bloqueia o despertar. Espirito é você e você não é uma crença. Para ter um despertar espiritual, você deve ser um cientista e não um crente.
Existem dois tipos de perguntas:
1) Pergunta de explicação
2) Pergunta de sim ou não
Pergunta de explicação é quando você NÃO SABE e pergunta para receber uma explicação que te ajude a descobrir. Pergunta de sim ou não é quando você PENSA QUE SABE, ou seja, tem uma crença e está buscando confirmação para sua crença em alguém que você considera uma autoridade, tipo um professor, um guru, um Phd, etc.
Nos primeiros ciclos de estudos da 1ficina, eu nem respondia pergunta de sim ou não. Me recusava a responder. Depois, mudei de pedagogia. Achei mais útil responder assim:
Se eu responder que sim, você acredita?
Se eu responder que não, você acredita?
Comecei a responder assim para os alunos perceberem o que estavam fazendo, para cair a ficha dos alunos de que eles estavam praticando acreditação ao invés de ciência do óbvio.
Se você quer ser um autocientista, nunca, jamais, em hipótese alguma, faça perguntas de sim ou não sobre suas crenças. Nunca, jamais, em hipótese alguma, busque confirmação para suas crenças no outro. Se você quer ser um autocientista, seja sua própria autoridade.
Quem é você para confiar em si? Quem é você para confiar em seu sentimento, sensibilidade, autoridade e juízo!? Que absurdo! Pirou? Para viver bem, você precisa do aval do Dalai Lama, do Buda, de Jesus, do Papa, do Xamã Pena Branca, do Einstein, do Stephen Hawking, da NASA, do Freud, do Jung, do Allan Kardec, do teorema de Pitágoras, do Guru da Baba Azul e, principalmente, do Elvisleno, o camelô, filho do Elvis Presley com o John Lennon, que vende relógio suíço na rua 25 de Março, em São Paulo.
Quer algo em que confiar? Confie no horóscopo, na propaganda política, no facebook, na previsão das cartomantes, nos comerciais de margarina, na novela das oito que começa às nove, nos filmes do Chuck Norris e nas revistas de fofocas. Confie em qualquer coisa. Confie na fada do dente. Confie nas fitinhas do Senhor do Bonfim. Confie em São Longuinho. Só não cometa a insanidade de confiar em si mesmo. Jamais! Quem avisa amigo é! Confie em mim.
Se a explicação do óbvio não é o óbvio, para que serve? Serve para incomodar, para deixar você indignado, revoltado e com raiva. A explicação do óbvio não lhe dá nada. Nem há nada para ser dado. Você já é você. Sempre é. Nunca deixa de ser. A explicação do óbvio explica o que você é, mas não está percebendo. Isso incomoda. Causa revolta. É uma afronta a sua inteligência.
“Como óbvio! Se fosse óbvio, eu saberia!”, você pensa. Saber é da sua natureza, então, quando você fica sabendo que não sabe, sua inteligência se revolta. Um dos propósitos da explicação do óbvio é esse: incomodar sua inteligência para retirá-la da inércia.
Uma metáfora para ilustrar isso é a produção da pérola. A ostra produz a pérola para solucionar um incômodo. O processo de produção começa quando um grão de areia consegue entrar dentro da ostra. O grão de areia irrita a mucosa da ostra. Para solucionar o incômodo, a ostra começa a envolver o grão de areia com camadas concêntricas de madrepérola. Essa substância cristaliza-se formando uma esfera ao redor do problema: a pérola.
O mesmo acontece com você. Sua inteligência é a ostra e as explicações do óbvio são grãos de areia que irritam sua inteligência. Para resolver a irritação, você precisa sair da inércia consciencial (ignorância) e investigar o assunto. Como o assunto é você, o resultado é uma eurékola, ou seja, autoconhecimento.
O método científico para produção de conhecimento começa e termina na observação. Mas observação é sempre do outro, por isso não serve para produção de autoconhecimento. O método para produção de autoconhecimento é a auto-observação. Observação produz conhecimento. Auto-observação produz autoconhecimento.
Ser humano é três em um:
1) Você existencial (ser)
2) Você psicológico (humano)
3) Você pessoal (fulano).
Então, existem 3 tipos de autoconhecimento:
Autoconhecimento existencial (ser)
Autoconhecimento psicológico (humano)
Autoconhecimento pessoal (fulano)
O que é existir? Essa é a pergunta a ser respondida na prática do autoconhecimento existencial. Você deve observar sua existência até descobrir o que é existir. Quando você descobre, você tem um despertar existencial. Despertar existencial é instantâneo. Você desperta para sua existência e pronto! Fim. Acabou.
Como eu funciono? Essa é a pergunta a ser respondida na prática do autoconhecimento psicológico. Despertar psicológico é gradual e lento, mas você pode acelerar seu despertar psicológico lendo livros de psicologia.
Quem sou eu? Essa é a pergunta a ser respondida na prática de autoconhecimento pessoal. O que você descobre é seu conteúdo pessoal. Despertar pessoal é gradual, extremamente lento e não adianta ler livros. Mas você pode contar com a ajuda de psicólogos para fazer essa investigação.
Uma tartaruga marinha subiu na borda de um poço e viu um sapo morando lá dentro. A tartaruga perguntou ao sapo:
— Há quanto tempo você mora aí embaixo?
— Eu nasci aqui e sempre morei aqui — respondeu o sapo.
— E você? Onde você mora? — perguntou o sapo.
— Eu moro no oceano — respondeu a tartaruga.
— Oceano! O que é isso? Me explica — perguntou o sapo.
— É um lugar cheio de água — explicou a tartaruga.
— Cheio de água igual esse poço? — perguntou o sapo.
— Não, o oceano tem muito mais água que esse poço — explicou a tartaruga.
— Quanto mais? Dez vezes mais? — perguntou o sapo.
— Não, muito mais — explicou a tartaruga.
— Quanto mais? Cem vezes mais? — perguntou o sapo.
— Não, muito mais — explicou a tartaruga.
— Quanto mais? Mil vezes mais? — perguntou o sapo.
— Não, muito mais — explicou a tartaruga.
— Quanto mais? Um milhão de vezes mais? — perguntou o sapo.
— Não, muito mais — explicou a tartaruga.
— Quanto mais? Um bilhão de vezes mais? — perguntou o sapo.
Diante a persistência do sapo e a impossibilidade de explicar o tamanho do oceano usando um poço como base de comparação, a tartaruga teve uma ideia. Ela jogou uma corda e ajudou o sapo a sair do poço, depois levou o sapo para ver o oceano. Quando o sapo viu o oceano, finalmente entendeu porque não entendia.
Você é o sapo. Tudo que você estudou sobre autoconhecimento, são teorias sobre um oceano que você nunca viu. A 1ficina é a tartaruga. As explicações da 1ficina são uma corda para lhe ajudar a sair da ignorância. O oceano é o autoconhecimento. Escalar a corda é praticar autociência.
Por que você busca autoconhecimento em gurus, escolas, filosofias, livros, vídeos, baralhos e biscoitos da sorte ao invés de buscar em si e por si? O que você quer com isso?
Você quer gozar com o pau dos outros. Buda disse Om, Jesus disse Amor, Einstein disse que é relativo, Sócrates perguntou, Freud explicou, Descartes duvidou, etc. E assim você segue copiando e colando sabedoria, porém, jamais sabendo.
Não adianta acreditar que fogo queima, você precisa colocar a mão no fogo para saber. O mesmo com autoconhecimento. Você deve se estudar para saber de si e não estudar o que dizem sobre você. Acreditar não é saber, acreditar é copiar e colar.
A explicação do óbvio não é o óbvio, é uma ponte até o óbvio. Para ficar óbvio, você deve atravessar a ponte. Para atravessar a ponte, você deve praticar autociência.
Boa travessia!
Quanto tempo de sonho perdido
Quanto tempo esquecido
É melhor nem lembrar
Eu pensei que entendia de tudo
Que sabia de tudo
Mas vivia no ar
Mas agora eu sei
O que aconteceu
Quem sabe menos das coisas
Sabe muito mais que eu
Dos conselhos que às vezes ouvia
Eu sempre fugia
Não queria entender
E num mundo de sonho andava
E só acreditava em mim
E em você
Mas agora eu sei
O que aconteceu
Quem sabe menos das coisas
Sabe muito mais que eu
Sim, figurativamente falando, seu estado psicológico e emocional é você-pessoa conversando com você-ser.
Autociência é uma prática de investigação, que produz autoconhecimento e não estados emocionais. Então, nesse sentido, a resposta a sua pergunta é não. Porém, seu nível de autoconhecimento afeta seu estado emocional, e nesse sentido, a resposta é sim. Vou fazer uma analogia com a medicina.
Assim como o estado natural do seu corpo é o estado de saúde, seu estado emocional natural é o estado de paz. Quando o corpo está sem saúde (doente), é porque tem algo errado que precisa ser tratado. Quando você está sem paz (sofrendo), também é porque tem algo errado que precisa ser tratado.
Para descobrir porque você está doente, você precisa fazer exames clínicos. Para descobrir porque você está sofrendo, você precisa fazer exames psicológicos. Para fazer exames clínicos, você deve usar um método de investigação chamado ciência. Para fazer exames psicológicos, você deve usar um método de investigação chamado autociência.
O resultado dos exames clínicos te levam a um processo de tratamento médico que restaura a saúde do corpo. O resultado dos exames psicológicos te levam a um despertar psicológico e pessoal que restauram a paz.
Você está confundindo a experiência com o nome atribuído a experiência. Primeiro você tem a experiência de amarelidade, depois seus pais te ensinam a chamar essa experiência de “amarelo”. Seus pais colocam uma etiqueta na sua experiência. Você pega essa etiqueta e coloca no seu dicionário de etiquetas da língua portuguesa. Se seus pais fossem americanos, a etiqueta seria “yellow”, mas a experiência seria a mesma.
Tem uma piada que é assim:
Chega visita na casa do Joãozinho e ele pergunta para o tio: “Quem são esses?”. O tio, que não gosta das visitas, responde: “São uma cambada de filhos da puta!”. À tarde, chega um sofá novo que o pai do Joãozinho comprou. Ele pergunta pro tio: “O que é isso?” O tio, que está brigado com o irmão, responde: “É um caralho”. Depois, Joãozinho vai ao banheiro e o tio está tentando desentupir a privada. Joãozinho aponta para a privada e pergunta: “O que é isso?” O tio, com raiva, diz: “É uma buceta!”
No dia seguinte, a privada entope novamente. O pai chama Joãozinho para ajudá-lo a desentupir. A campainha toca e o pai diz para Joãozinho atender a porta e pedir para as visitas aguardarem na sala.
Joãozinho abre a porta e diz: “Olá, cambada de filho da puta! Entrem! Sentem no caralho! E aguardem um minutinho que estou ajudando meu pai a desentupir a buceta”.
Seus educadores nomeiam suas experiências para que você possa participar da comunicação verbal. Mas a experiência é obviamente a experiência. Não tem nenhuma crença na experiência. O que você pensa a respeito da experiência, daí, sim, envolve ensino e crenças.
Não existe auto-observação sem autoanálise, é impossível. Alguma autoanálise sempre acontece junto com a auto-observação. Se é uma autoanálise competente ou não, com critério A ou B, daí é outra história.
Na infância, você queria ganhar uma bicicleta e aprendeu que precisava escrever uma carta para o Papai Noel. Hoje em dia, você sabe que Papai Noel é mentira. Você desaprendeu a história do Papai Noel por descobrir que era mentira? Não! Você colocou essa história no seu devido lugar: no lugar de mentira.
Analogamente, para viver bem, você não precisa desaprender o aprendido, você precisa reconhecer o que é verdadeiro e falso no que aprendeu. O que impede você de viver bem é que você acredita em mentiras. A prática da autociência deixa evidente todas as mentiras.
É igual no fundamento da observação, mas oposta no objeto observado. Na ciência o objeto observado é o outro, as estrelas, a células, as moléculas, etc. Na autociência o objeto observado é você, sua existência, seus pensamentos, suas emoções, etc. O método cientifico é a observação. O método autocientífico é a AUTOobservação.
Você mesmo irá se despertar praticando autociência.
Não! Essa responsabilidade é sua.
Autoconhecimento serve para você viver bem.
Que distância? Qual é a distância entre você e sua realidade? Eis uma ótima prática para despertar a consciência! Observe a distância entre você e sua realidade. Pegue uma régua e procure medir a distância entre você e sua realidade. Você irá perceber que a régua também é realidade, então, não serve para você medir a distância entre você e sua realidade.
Mas você pode colocar a régua na frente do seu corpo e medir a distância entre seu corpo e a parede. Só que tanto seu corpo, como a régua, como a parede, são a mesma experiência, é a mesma realidade. O desafio é você medir a distância entre você e sua realidade. Se você faz essa prática, se faz mesmo, você desperta e percebe que não existe distância, que distância é experiência de fisicalidade.
Você é simultaneamente criador da sua realidade e a realidade que está experimentando. Não tem distância entre criador e criatura, entre observador e observado.
Não existe “o” óbvio. Óbvio não é um objeto. Óbvio não é um lugar. Óbvio é um estado consciencial. Você, sujeito, observador, pode alternar entre dois estados de consciência: consciente e inconsciente.
Você pode estar consciente de algo ou inconsciente de algo. Quando você está consciente de algo, esse algo é óbvio para você. Quando você está inconsciente de algo, esse algo não é óbvio para você.
Então, você não chega no óbvio, você chega na obviedade. Por exemplo, você está consciente sobre a cor da minha camisa? Se sim, então, a cor da minha camisa é óbvia para você, se não, então, não é óbvia.
Na prática da autociência, esse algo do qual você deve estar consciente, é você mesmo, em três aspectos: existencial, psicológico e pessoal.
Finalmente, chegamos a sua pergunta: como chegar ao óbvio? Praticando auto-observação.
Praticando autociência. Só que você não quer praticar autociência. Você quer um terapeuta que descubra para você. E tudo bem! Se você tiver dinheiro, procura um. Eu recomendo. Vai te ajudar com a dor de pronto-socorro. Só que esse terapeuta não sou eu.
Eu sou professor de autociência. Eu ensino a pescar, não dou o peixe. São 10 meses ensinando a praticar autociência. Então, pode ter certeza que você ainda vai sofrer muuuuuuuito antes de entender porque sofre. E mesmo depois de entender, vai continuar sofrendo muuuuuito. Mas pelo menos vai saber o caminho para sofrer menos.
É igual comer Doritos com feijoada.
Interlocutor: Você está me zoando! Pensa com carinho e me responde de verdade.
Ok! Vamos lá! Primeiro você vê uma pomba branca bem longe. Conforme essa pomba vai se aproximando, tudo vai ficando iluminado. Até que você percebe que não é uma pomba, é o espirito santo. Você fica feliz e apavorado ao mesmo tempo. Tenta fugir, mas não consegue. Você fica paralisado no tempo e no espaço, como se Deus tivesse apertado o pause do universo. Então, o espirito santo abre seu bico de pomba e começa a comer você, pedacinho por pedacinho. Até não sobrar nada. Quando termina, você percebe que existe. Eis o despertar existencial.
Interlocutor: Interessante. E por que eu não vejo nem essa pomba, nem o espírito santo? Por que só vejo eu, normalzona.
Pera! Pera! Peeeeeera! Você acreditou no que te disse acima, sobre a pomba e o espírito santo?
Interlocutor: É sua percepção! Se você está mentindo, é problema seu e não meu.
Puta que pariu! Você é veterana antiga. Como que você me dá uma patinada dessas? Despertar existencial é iluminação. ILUMINAÇÃO NÃO É UMA EXPERIÊNCIA. Você me escuta falar isso desde o primeiro dia que chegou aqui e está querendo que te descreva a iluminação??? Épácabá!
Eis o problema de ser crente e não autocientista. Qualquer doido inventa uma história maluca e lá vai você correr atrás da loucura dele.
Negar é diferente de ignorar. Você nega o óbvio por conveniência. Por exemplo, você está sentindo frio, é óbvio que está frio, mas como você quer usar aquele vestido novo, você nega o óbvio dizendo que está calor.
Para saber qualquer coisa no outro, você precisa conversar com o outro, pois você não tem acesso ao outro, senão através do diálogo. Então, a primeira coisa que você deve fazer, é perguntar ao outro se ele é iluminado, tal como está me perguntando. Esse é o primeiro passo. Só que o outro pode estar mentindo ou pode estar equivocado sobre o que é iluminação. Em ambos os casos, cabe a você identificar isso. Porém, como você pode identificar se o outro está mentindo ou equivocado se você mesmo não sabe o que é iluminação? Fazer isso é como um cego tentar identificar quem tem visão. Então, a resposta final a sua pergunta é: para identificar se uma pessoa é iluminada, você deve se iluminar primeiro e depois conversar com a pessoa para verificar se a pessoa tem a mesma iluminação que você.
Autociência é a prática que produz autoconhecimento. Se você está produzindo autoconhecimento (em algum nível) é porque está praticando autociência (em algum nível). O aumento de autoconhecimento resulta em viver melhor. Se você está vivendo melhor, é sinal que está aumentando seu autoconhecimento.
Um equívoco é uma verdade de correspondência falsa. O reconhecimento da falsidade produz automaticamente a correspondência verdadeira. Por exemplo, você acredita que batata doce é salgada. Essa verdade é equivocada, pois é de correspondência falsa. Você come uma batata doce e fica óbvio que batata doce é doce. A verdade “batata doce é salgada” morre imediatamente e nasce uma verdade de correspondência verdadeira “batata doce é doce”. Fim do equívoco!
Observe seu comportamento em relação a ignorância. Cientista que é cientista não aceita o estado de ignorância. Na idade média, por exemplo, quando abrir um cadáver era considerado pecado e o pecador era queimado vivo, médicos arriscavam a vida para sair da ignorância e descobrir o funcionamento do corpo humano. Freud encarou o desprezo da comunidade científica inteira para sair da ignorância do funcionamento psicológico. Sidarta abriu mão de todo conforto de príncipe para sair da ignorância da causa do sofrimento. Se você for alérgico a ignorância, se deseja descobrir e entender, é porque tem vocação científica.
Sabendo. Estar consciente é estar sabendo.
Simples! Porque você sofre pra caralho! Viver mal é sintoma de ignorância. Todo ser humano iluminado vive bem.
Se você estiver consciente que essas crenças são o que são, crenças, não dificultam em nada. O problema é quando você ignora que uma crença é uma crença e atribui a essa crença o status de obviedade. Quando você faz isso, você não sabe, mas você pensa que sabe. E quando você pensa que sabe, você não tem motivo para descobrir, pois você pensa que já sabe.
Eu inventei. Na literatura da 1ficina tem várias palavras que eu inventei. Autoconhecimento não é uma prática, é o produto de uma prática. Essa prática não tinha nome, então, eu invetei a palavra “autociência” para nomear a prática que produz o autoconhecimento.
Depende de como você vai fazer a viagem. Se você for a pé, demora bastante. Se você for de bicicleta, demora menos. Se você for de avião, é bem mais rápido. Se você for de auto-observação, é num piscar de olhos. Praticou, chegou.
Despertar existencial é igual para todos os seres. Despertar psicológico é igual para todos os seres humanos. Despertar pessoal é diferente para cada um.
Despertar existencial é instantâneo, puf, despertou, acabou. Despertar psicológico é gradual, feito descascar cebola, mas é uma cebola de poucas camadas. Despertar pessoal também é gradual, e também é feito descascar cebola, mas é uma cebola de infinitas camadas. Você descasca uma camada e tem outra e outra e outra. A prática do despertar pessoal não acaba nunca. Você vai morrer sem ter descascado a cebola inteira. Mas não precisa chorar. Alegre-se! Quanto mais você descasca sua cebola pessoal, melhor é a qualidade do seu viver.
Não! Despertar da consciência é mais consciente. Consciência e consciente não são sinônimos. Consciência é sua natureza existencial. Consciente é estado consciencial. Você pode ser uma consciência desperta (consciente) ou adormecida (inconsciente). Quando você (consciência) desperta, você não aumentou. É o contrário. Algo em você diminuiu. O que? Sua ignorância de si. Despertar da consciência diminui seu adormecimento, ou seja, sua inconsciência. Iluminação é menos.
Não! Despertar existencial é consequência da prática de auto-observação existencial. Por isso você pode ter um despertar existencial e continuar vivendo mal. Seu despertar existencial não lhe faz consciente do funcionamento da sua natureza humana. Você pode despertar para sua existência, mas se continuar ignorante do seu funcionamento humano, continuará vivendo mal.
Auto-observação é a metodologia. É a única capaz de produzir autoconhecimento. Todas as diferentes metodologias para produção de autoconhecimento que existem no mundo são apenas maneiras diferentes de falar sobre auto-observação.
Sim, você pode usar essa terminologia se quiser.
Sim! O esperto pensa que sabe, o desperto sabe que pensa.
Se não foi você que escolheu, quem foi? E se foi você, como eu, que não sou você, posso saber o que te motivou a fazer essa escolha?
No caso da auto-observação pessoal, sim. No caso da auto-observação psicológica, não, o eu-observado é seu funcionamento psicológico. E no caso da auto-observação existencial, também não, o eu-observado é o próprio eu-observador. Eis a sutileza da auto-observação existencial.
Não! Fato = observado. Óbvio é quando você (observador) está consciente do fato.
Terminado o ciclo de estudos EUreka, você tem o mínimo necessário para viver bem. Cada passo do ciclo de estudos é para lhe oferecer o mínimo. Com o mínimo, você mesmo pode e deve chegar ao máximo.
Saber é irracional. Assim como um livro é incapaz de ler, o raciocínio é incapaz de saber. É o saber que sabe do raciocínio e não o raciocínio que sabe do saber. Raciocínio não sabe, raciocínio é sabido (objeto do saber). A dificuldade em entender isso é que você acredita que pensar é saber.
Não necessariamente. Quando você lê um autor, você não está produzindo autoconhecimento, você está produzindo conhecimento sobre o autoconhecimento do autor. Meu caso, por exemplo. Eu sou um praticante de autociência. Ao praticar autociência, eu produzo autoconhecimento. Daí escrevo os livros. Quando você lê o que eu explico, você não está produzindo autoconhecimento, você está pegando meu autoconhecimento emprestado. Autoconhecimento só é produzido quando você lê a si mesmo, o ser humano que você é. Quando você tem informação dos livros, o que você tem é isso: informação.
Não, neurociência é o estudo do cérebro, autociência é o estudo do observador do cérebro: você.
Na prática da auto-observação.
Não, é o oposto. A interface humana que cria o corpo. Igual em um jogo de videogame, não é o avatar que cria o jogo de videogame, é o jogo de videogame que cria o avatar.
Sim! Coisa é feita de experiência. A experiência humana é humana. Por isso que o homem é a medida de todas as coisas.
Não, é impossível. Cada um só tem acesso a si. Porém, existe a possibilidade da comunicação. Através de palavras, mesmo sem termos acesso uns aos outros, podemos simular uma espécie de acesso ao outro. Comunicação não é acesso de fato, é uma estratégia falha e ruidosa, mas é melhor que nada.
Para adquirir autoconhecimento você deve ler a si mesmo. Qualquer trabalho de despertar da consciência que não explique isso para seus alunos, não irá produzir autocientístas, só irá produzir crentes.
Crença é a informação mental que sua memória agrega inevitavelmente as suas experiências. Por exemplo, você olha para uma maçã e sua memória te diz que essa experiência é uma maçã, que é fruta, que serve para comer, que é doce, etc. Tudo isso que sua memória te diz é crença.
Espiritualidade é existencialidade.
Ignorância PHD é quando você pensa que sabe. Imagine uma pessoa muito culta que está de olhos fechados, mas que acredita que está de olhos abertos. Isso é ignorância PhD.
Lucidez é o estado consciencial oposto ao estado de ignorância.
A palavra meditação está mais adulterada que gasolina de posto barato. Tem meditação para ficar rico, meditação para aumentar o tamanho do pênis, meditação para trazer marido de volta, meditação do empoderamento, meditação da família, etc. É um show de horrores. Algumas pessoas fazem dinâmicas de imaginação e chamam de meditação. Tem pessoas que dão exercícios de relaxamento e chamam de meditação. Meditação é auto-observação.
Um equívoco é uma verdade (crença) de correspondência equivocada (falsa). Por exemplo: fogo molha.
Unicórnio é uma metáfora que uso para me referir às crenças equivocadas que você tem sobre si, sobre o ser humano que você é. Você vive carregando um saco de mil toneladas de unicórnios nas costas. Ninguém merece, nem aguenta! Autociência é cemitério de unicórnios. Conforme você vai praticando autociência, você vai matando e enterrando todos seus unicórnios, um a um. Cada passo é um unicórnio a menos para carregar nas costas. Ufa! Que alívio! Mas não adianta enterrar unicórnio vivo. Não adianta fingir que matou seus unicórnios. Unicórnio enterrado vivo é mais eficiente que Jesus, ressuscita no primeiro dia. Para matar um unicórnio você precisa esclarecer seus equívocos sobre si, em si, para si e por si. Então, não se mata equívocos enterrando-os, mas desenterrando-os, trazendo-os ao consciente.
Ausência de observação. Algo ignorado é algo que não está sendo observado. Se você fechar os olhos agora, você irá ignorar as cores. Quando você abrir os olhos, as cores ficarão óbvias. No caso do autoconhecimento, você se ignora porque não se auto-observa. Vou exemplificar comparando a visão e a auto-observação. Se eu te perguntar quantos dedos você tem na mão, você não vai procurar a resposta no google, você irá observar sua mão, irá contar os dedos e me dizer o número de dedos que está vendo. Quando estou dando uma explicação sobre autoconhecimento, também estou falando sobre algo que estou vendo, igual você vendo os dedos. Só que não estou vendo com a visão, estou vendo com a auto-observação. Se você praticar auto-observação, assim como eu pratico, tudo que é óbvio para mim, ficará óbvio para você também.
Idolatria e antipatia.
Autoconhecimento não se aprende, se desperta. Para produzir autoconhecimento, o aluno precisa praticar autociência e colocar a prova as explicações recebidas. Mas quando o aluno recebe uma explicação, ele tem duas reações:
A) AMÉM! — Idolatria — O aluno acredita nas explicações ao invés de colocá-las a prova.
B) ANÉM! — Antipatia — O aluno renega as explicações ao invés de colocá-las a prova.
Tanto a opção A como a opção B impedem o autoconhecimento.
Primeiramente, muda sua noção de existência. Antes do despertar existencial, você vive acreditando que tudo no tempo e no espaço existe. Depois do despertar existencial, fica óbvio que tudo no tempo e no espaço não existe, acontece, o que existe é eterno e adimensional, existe além do tempo e do espaço. Isso muda sua noção de identidade. Se você existe, então, você é eterno e adimensional, existe além do tempo e do espaço. Isso muda um monte de coisas na sua mentalidade. Essas mudanças na sua mentalidade, muda seu jeito de viver. Mas sua experiência humana continua igual, não muda nada. Como diz o proverbio zen: “Antes da iluminação, cortar lenha e carregar água. Depois da iluminação, cortar lenha e carregar água.”
O que muda é o foco. Os três tipos de autoobservação são três focos diferentes.
Fim da ignorância existencial. Entendimento melhor da realidade. Comecei a viver melhor. Entre outras coisas.
Significa praticar autociência para viver bem. Autoconhecimento é diferente de conhecimento. Conhecimento é saber do mundo, do “lado de fora”. Autoconhecimento é saber de si, do “lado de dentro”. A palavra “saída” significa “solução”. Solução para quê? Solução para o mal viver. Sem autoconhecimento é impossível viver bem.
Essa necessidade de permanecer na consciência existencial o tempo todo é uma neurose espiritualista. Eu não tenho essa neurose, então, não faço nada. Passo a maior parte do tempo na mentalidade materialista, lidando com as situações do dia a dia, igual o mais ignorante dos seres humanos. A única diferença entre eu e o mais ignorante dos seres humanos, é que sei onde fica a porta de entrada para a consciência existencial. Então, quando preciso, eu atravesso a porta e entro.
Não existe “o” ser, o que existe é você-ser. Quando você fala “o” ser, você está terceirizando sua existência. Corrigido esse equívoco, sua pergunta fica assim: “Eu-ser evoluo ou já contenho tudo que sou?”.
Você-ser já contém tudo que é, mas em potência. O que você chama de evolução, não é evolução, é autorrealização. É você-ser realizando seu potencial. E, atualmente, você está fazendo isso nos parâmetros humanos.
Não existe “o” ser, o que existe é você-ser. Quando você fala “o” ser, você está terceirizando sua existência. Corrigindo esse equívoco, sua pergunta fica assim: “Eu-ser sei como é ser humano ou estou sendo para descobrir?”. Primeiro, se você já soubesse, você não precisaria descobrir. Depois, se você já soubesse, você já viveria bem, o que, obviamente, não é o caso.
Ignorância é seu estado de consciência quando está inconsciente de algo. Óbvio é seu estado de consciência quando está consciente de algo. Sendo que você é um aluno de autociência, provavelmente você está inconsciente de si, em três aspectos: existencial, psicológico e pessoal. Cada aspecto é uma verdade absoluta diferente.
Você é um ser. Todos os seres do universo são seres igual a você. Então, o que você descobre com o despertar existencial, é a verdade absoluta existencial.
Só que você não é apenas um ser, você é um ser humano. Seu aspecto psicológico é igual para todos os seres humanos. Então, o que você descobre com o despertar psicológico, é a verdade absoluta humana.
Só que você não é apenas um ser humano, você é um ser humano fulano. Seu aspecto pessoal é exclusivamente seu. Então, o que você descobre com o despertar pessoal, é a verdade absoluta da sua personalidade.
Sim, óbvio é quando você está sabendo por experiência própria, através da observação. Quando você sabe por experiência alheia, através do ensino, é crença.
Não, verdade falsa também é óbvio. Fogo molha, por exemplo, é obviamente uma verdade falsa.
Não está em lugar nenhum, é você (você-ser). “Onde” é mentalidade materialista.
Comece pelo que você diz que existe. Se para você cadeira existe, copo existe, planetas existem, você existe, etc, então, comece investigando a natureza disso que você diz que existe.
Porque a palavra “espirito” está degenerada. Os seres humanos deturparam completamente o entendimento da palavra espírito. E além de deturparem, terceirizaram o espírito. Espírito é o ser que todo ser humano é, porém, nenhum ser humano usa a palavra espírito dessa maneira. Essa degeneração da palavra espírito atrapalha o despertar da consciência. Então, para que os alunos não sejam prejudicados pela degeneração da palavra espírito, a 1ficina não usa a palavra espírito nem espiritualidade. Porém, o estudo do existencial é, sim, o estudo do espiritual.
Você não acorda feliz, saudável e diz: “Que lindo dia para ir ao dentista arrancar um dente!”. Quando está tudo bem, não há motivo para buscar nada. Quando está tudo bem, deixa assim e não mexe. Buscamos autoconhecimento porque algo está doendo dentro de nós. Se a dor fosse física, buscaríamos um médico e tomaríamos remédio, como é dentro, buscamos autoconhecimento.
Porque todo ser é igualmente um ser.
Porque sua competência em observar e pensar é pequena. Você foi educado a acreditar e repetir. Nem a escola, nem seus pais, nem ninguém te ensinou a observar e pensar. Difícil é falta de prática. Você não tem prática em observar e pensar.
Porque esse dia ainda não chegou.
Porque não adianta querer viver bem e não saber como viver bem. É sua própria ignorância lhe condena a viver mal. Isso é para tudo. Feche os olhos e tente ir da sua casa até a padaria de olhos fechados. Se você sobreviver, já está ótimo. Abra os olhos e veja como é fácil. A ignorância não permite que você faça nada bem. Absolutamente nada.
Não precisa. Para produzir autoconhecimento basta você praticar auto-observação. Só que você precisa olhar para o lugar certo e você não sabe qual é o lugar certo. O professor é uma seta, ele aponta o lugar certo para você.
Porque eu sou um ser humano como você. Você fica consciente sobre o que é existir. Eu fico consciente sobre o que é existir. Ambos ficamos conscientes sobre o mesmo: o que é existir. Você fica consciente sobre o que é a natureza humana. Eu fico consciente sobre o que é a natureza humana. Ambos ficamos conscientes sobre o mesmo: o que é a natureza humana.
Não existe nada difícil. Tudo é fácil quando se tem prática. Difícil é falta de prática. O motivo do ser humano ignorar o que é ser humano, não é dificuldade, é falta de prática em auto-observação e autoanalise.
Porque é fato. E pior! É um fato vergonhoso. Ou você se orgulha de ter um cérebro e não pensar? Mas não cobro que o aluno pense. Quem não quer pensar, quem prefere viver igual um pé de alface, tudo bem, é opção de cada um. Só explico que é preciso pensar porque não tem como entender sem pensar. Entendimento é produto do raciocínio e não da fotossíntese.
Sim, você pode e deve.
Quando você está jogando um jogo, mas está inconsciente que você é o jogador, a primeira coisa que você precisa fazer para começar a jogar bem, é ficar consciente que você é o jogador. A função do estudo existencial é promover o despertar existencial. A mentalidade materialista mantém você-ser em estado de ignorância sobre sua identidade existencial e sua identidade existencial é sua identidade de jogador.
As práticas em si, não, são o que são. O equívoco é acreditar que você irá produzir autoconhecimento sem praticar auto-observação. Isso é impossível.
Sim, precisa. Não tem como conhecer a causa pela causa. Conhecimento é sempre pelo efeito. Você não conhece a luz em si, você conhece pelo efeito. O mesmo acontece com o autoconhecimento. Você é a causa da sua experiência. Sua experiência é efeito. Praticar autociência é se conhecer como criador através da sua criação, através do efeito e não diretamente. Para conhecer a causa é preciso observar e pensar o efeito. Não tem outro jeito. Por isso, sem pensar, esquece autoconhecimento, é impossível.
Não necessariamente, mas ajuda. Um cientista entende o método científico e isso ajuda na prática da autociência.
Autociência é a prática que produz autoconhecimento. Autoconhecimento é o produto da prática de autociência.
Autoconhecimento psicológico é o estudo genérico da natureza humana. Autoconhecimento pessoal é o estudo da sua personalidade.
Sua natureza humana é um programa consciencial similar ao sistema operacional de um computador. Autoobservação psicológica é você observando o funcionamento do seu sistema operacional humano.
Só que, conforme você vai vivendo, você vai customizando seu sistema operacional humano, igual você faz com seu computador. Todo computador vem com o windows igual, mas cada usuário vai customizando seu windows para sua necessidade. A customização do seu sistema operacional humano é sua personalidade.
Autoobservação pessoal é você observando o funcionamento da sua personalidade. Claro que o psicológico e o pessoal estão juntos e misturados. Por isso a dificuldade em discernir um do outro.
Consciência = você. Consciência é o que você é. Consciência é um dos aspectos da sua UNItrindade. Consciência é você-experimentador. Você sempre é você, então, sempre é consciência. Mas você pode ESTAR ciente ou ignorante de si. Ciente e ignorante são estados de consciência, estados de ser, estados em si. Quando você ESTÁ ciente de si = consciente. Quando você ESTÁ ignorante de si = inconsciente. Fazendo uma analogia com o sentido da visão. Consciência = visão. Consciente = olho aberto. Inconsciente = olho fechado.
A mesma entre números e matemática. Você usa os números para fazer matemática. Você usa crenças para julgar. Julgar é pensar. Suas crenças são os números que você usa para pensar, ou seja, é a FORMA como você pensa.
Nenhuma! São duas maneiras de dizer a mesma coisa.
Imagine que estou com uma bala na boca. Você me pergunta:
— Qual é o sabor da bala na sua boca?
— Sabor de truna — eu respondo.
Para você, truna é a explicação do óbvio. Para mim, truna é óbvio, pois a bala está na minha boca e estou experimentando o sabor.
Mas você é um autocientista, então, me diz:
— Não quero a explicação do óbvio, quero o óbvio.
Eu tiro a bala da minha boca e dou para você. Você coloca a bala na sua boca e experimenta o sabor. Assim que experimenta, você diz:
— Ah! Então isso que é truna! Entendi!
Truna não é mais uma explicação para você, é óbvio.
A 1ficina explica o óbvio sobre ser humano. Só que não tem como pegar esse óbvio e colocar dentro da sua consciência. O que dá para fazer é criar explicações que apontam para o óbvio. Assim como para ficar óbvio o sabor de truna, você precisa colocar a bala na sua boca e experimentar por si, para você ficar consciente sobre o que é ser humano, você precisa praticar auto-observação. Auto-observação é auto-experimentação.
O mais espantoso nessa viagem do despertar da consciência, é que você está constantemente se experimentando. Não tem outra coisa para você experimentar. Você só consegue experimentar você, você, você, você, o tempo todo. Só que você ignora isso. Você acredita que está experimentando o mundo, a vida, as coisas, etc. Esse equívoco é seu adormecimento. Por isso ficar consciente é chamado de despertar da consciência.
Óbvio é um estado consciencial. Lógica é raciocínio.
Percepção é consciência. Óbvio é estar consciente.
Saber é consciência sem objeto. Sabendo é consciência com objeto. Auto-observação é você sabendo.
São duas palavras diferentes para dizer a mesma coisa. Ser é sinônimo de espírito.
O que você quer dizer quando diz “espiritualidade”? Qual é sua definição de espiritualidade? Esse é o problema da espiritualidade. Quem fala em espiritualidade não sabe do que está falando e quem escuta não sabe o que está ouvindo. Espiritualidade é fazer reiki? É ler livros espiritualistas? É acreditar em deus? É acreditar em espírito? É fazer caridade? É recitar mantras? É acender incenso? É rezar? É obedecer mandamentos? Espiritualidade não é nada disso. Espiritualidade é autoconhecimento existencial. Só isso! Todo o resto é carnaval, festa, ritual e adereço, não é espiritualidade.
Nenhum! O problema é confundir acreditar com saber. Acreditar em toalhinha mágica, acreditar em unicórnio, acreditar em Deus, acreditar no Big Bang, acreditar que a terra é plana, acreditar que a terra é redonda, acreditar que água é feita de duas moléculas hidrogênio e uma de oxigênio, acreditar no que for, é acreditar, não é saber.
Não importa qual é o objeto da sua crença. Quando você acredita em algo, você está acreditando e não sabendo.
Saber é diferente de acreditar.
Sentimento de perplexidade. É espantoso ver como o equívoco do materialismo é sutil.
Óbvio é o estado de consciência oposto ao estado de ignorância, não é uma matéria que você lê em um livro, estuda e aprende, feito o que você estudou na escola. Óbvio é quando você está consciente de algo. Para sair do estado de ignorância e ficar consciente de algo, o método que você deve usar não é o estudo, é a observação. Por exemplo, quando você ignora o funcionamento do celular, você deve observar o funcionamento do celular a fim de que fique óbvio. O mesmo quando você se ignora. A diferença é que você não se observa olhando para fora, como no funcionamento do celular, mas olhando para dentro, através da auto-observação.
Quando você pratica auto-observação.
Cemitério de unicórnios. Papai Noel não existe. Tutorial para atingir a iluminação. Como sair da crença. Despertar sem bla bla bla. A saída é entrar. Puxando o tapete da ignorância PhD (um livro para quem pensa que sabe). Autociência primeiros passos.
Tem! Primeiro auto-observação. Depois, auto-observação. E por fim, auto-observação.
Existem 3 tipos de iluminação. Iluminação existencial — Quando você fica consciente sobre o que é existir (ser). — Iluminação psicológica — Quando você fica consciente sobre o que é humano. — Iluminação pessoal — Quando você fica consciente sobre o que é você como pessoa. Tenho consciência existencial e psicológica. Todo dia amplio um pouco mais minha consciência pessoal.
Estudo do ser humano no aspecto existencial, psicológico, pessoal e social.
Aula do ciclo de estudos de autociência – EUreka 2021