Certa vez, um rapaz veio até minha casa participar de um encontro da 1ficina. Nesse dia, só ele compareceu. Começamos a conversar. Ele me fez uma pergunta. Não lembro qual era a pergunta, mas lembro que se tratava de um equívoco. Passei uma hora ajudando o rapaz a investigar os conceitos envolvidos na pergunta até ele entender o equívoco.
Quando a conversa terminou, o rapaz estava suando frio. Ele se levantou, disse que não estava se sentindo bem e precisava ir embora urgente. Levei o rapaz até o portão. Assim que abri o portão, o rapaz deu tchau e saiu correndo. Ele estava com tênis e roupa de corrida. Creio que planejou voltar correndo para casa. Mas não acho que saiu correndo só por isso.
O rapaz saiu correndo pelo mesmo motivo que a maioria dos alunos saem correndo do ciclo de estudos que sempre termina com menos da metade dos inscritos: ele queria encontrar a verdade e eu coloquei ele de frente com a mentira. Por isso dei a esse livro o título de Mayasang (Encontro com a mentira) em oposição a Satsang (Encontro com a verdade).
Tem uma frase da 1ficina que diz: “Para encontrar a verdade, basta admitir a mentira”. Ou seja, a verdade sobre si (autoconhecimento) se faz presente através da pedagogia do Maysang e não do Satsang. Eu demonstrei isso ao rapaz, mas ele começou a passar mal com minhas perguntas e preferiu sair correndo de volta para as mentiras agradáveis.
Eu entendo o rapaz e entendo todos que fazem isso. Eu mesmo já fiz isso. Não estou julgando, estou apenas explicando um dos motivos que levam as pessoas a fugirem da prática da autociência. Mas esse não é o único motivo! Nem é o pior! O pior motivo é o professor. Isso mesmo! O pior e principal motivo das pessoas fugirem da autociência é o professor.
Não me refiro a minha pessoa. Sou apenas o professor da 1ficina, o professor do autoconhecimento não sou eu, é o sofrimento. Tem uma frase da 1ficina que diz: “Para encontrar deus abrace o diabo”. Como se não bastasse ir de encontro a mentira para encontrar a verdade, a 1ficina também ensina que é preciso ir ao encontro do sofrimento para encontrar a felicidade. Por isso muitos batem na porta da autociência, mas poucos a atravessam.
Eu tive que sofrer muito para aprender que o sofrimento é o mestre. Eu achava que eu era o mestre. Eu tinha convicção absoluta que eu era o mestre. O sofrimento me quebrou inteiro (e ainda quebra) para me mostrar que estava equivocado, que eu sou sempre o aluno. Só depois que aprendi essa primeira lição pude descobrir e ensinar tudo que explico na 1ficina.
Tem um livro da 1ficina, chamado Mestre Da Felicidade, que explica detalhadamente porque o sofrimento é o mestre do autoconhecimento. O texto abaixo é um resumo:
ESCOLA DO DIABO
Deus pode até ter criado o mundo, mas quem ensina você a viver nele é o diabo. E o mais diabólico é como você aprende. O mal ensina você a viver bem fazendo você viver mal. Como você quer viver bem, você precisa descobrir porque está vivendo mal. Para descobrir, você precisa praticar autociência. Quanto mais pratica autociência, mais produz autoconhecimento. Quanto mais autoconhecimento, melhor você vive. Percebe a maldade? O mal é a escola perfeita do bem. Ensina tudo sem ensinar nada. Deixa toda aprendizagem por conta do aluno. E para garantir a eficiência absoluta da aprendizagem, o mal não vai embora enquanto você não aprende a viver bem.