Apertei a barriga do cachorrinho de pelúcia e uma voz mecânica dentro do brinquedo me disse: “I love you”. Me lembrei do filme Mulheres Perfeitas, onde as esposas eram transformadas em robôs. O marido apertava um botão no controle remoto e a esposa fazia almoço, apertava outro botão e a esposa trazia os sapatos, apertava outro botão e a esposa fazia sexo. Quase no final do filme, Nicole Kidman, única mulher que ainda não havia sido robotizada, descobre o segredo e pergunta aos maridos:
— Suas esposas perfeitas são capazes de dizer eu te amo?
— Claro! — respondem os maridos — E dizem em 24 idiomas diferentes!
— E com sentimento? — completa Nicole.
Silêncio no filme, no cinema e na alma humana.
