Depois de um ano e meio morando no sítio, ou eu terminava o relacionamento com a namorada que deixei em São Paulo, ou voltava. Assim que o inquilino saiu e deixou o apartamento vazio, voltei. Chamei minha namorada para vir morar comigo e me casei pela segunda vez.
Estava decidido a experimentar a sugestão do varejismo. Comecei a marcar encontros presenciais. Muitas pessoas se interessaram. Como não tinha dinheiro para alugar uma sala de encontros e queria que o acesso fosse gratuito, marcava os encontros no parque do Ibirapuera, em frente ao planetário, mais especificamente, em cima da rosa-dos-ventos.
Para que os encontros não ficassem só palestrinha de guru, resolvi criar um exercício vivencial que simbolizasse como é viver em estado meditativo. Esse exercício se chamou: bici-vida-cleta.
Comprei um capacete de bicicleta. Colei no topo do capacete uma peça em cruz, tipo um conector de cano. Comprei uma vareta bem grande, que passava por esse conector. Uma vez colocado o capacete, a vareta podia ficar em duas posições, norte-sul (costa-rosto), ou leste-oeste (ombro-ombro).
Essa era a parafernália principal. A outra parte do exercício era pedir para que os participantes escrevessem o que mais desejavam e o que mais temiam em um pedaço de papel. Depois de escreverem, conversávamos a respeito. Depois da conversa, um de cada vez colocava o capacete.
Era aí que começava o simbolismo. Primeiro eu colocava a vareta na posição norte-sul (costa-rosto). Então, com um pregador de roupa, prendia o pedaço de papel com o desejo na ponta da frente (rosto) e o pedaço de papel com o medo na ponta de trás (costas).
Sabe essa imagem do burro com uma vara nas costas correndo atrás da cenoura?
Era exatamente isso que acontecia. Eu pedia para a pessoa sair correndo e alcançar seu desejo, e, enquanto isso, eu ia atrás chutando a bunda dessa pessoa. kkkkk… Imaginou a cena? Acrescenta que isso acontecia no domingo, com o parque do Ibirapuera lotado.
O que as pessoas não fazem para atingir a iluminação, não é mesmo? Hehehe… Mas eu não chutava a bunda das pessoas por maldade, estava representando o medo na ponta de trás da vareta. E claro, a vareta era grande, então, as pessoas corriam e nunca alcançavam o desejo.
Após todos passarem pela mesma vergonha e frustração, eu retirava a vareta da posição norte-sul (costa-rosto) e a colocava na posição leste-oeste (ombro-ombro). Daí, pedia para os participantes caminharem calmamente pelo parque, tendo o desejo e o medo presentes, mas sem o equívoco de acreditar que felicidade é alcançar o desejo e fugir do medo.
Apliquei essa dinâmica várias vezes em São Paulo e outras cidades. Os participantes estranhavam no começo, mas depois entendiam e ficava tudo certo. Criei e apliquei outras dinâmicas também e isso foi me mostrando os benefícios da iluminação no varejo.