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Você não é uma pessoa, você é um usuário da natureza humana. Você não está vivendo, está descobrindo o que é ser humano. Viver não é viver. Viver é uma atividade autocientífica. O dia que você descobre isso é o dia do seu apocalipse. Apocalipse não é o fim do mundo, apocalipse é o fim da ignorância. A palavra apocalipse significa descoberta. Apocalipse é você descobrindo o que é ser humano. O apocalipse não destrói o mundo, destrói sua ignorância sobre o que é ser humano e sobre o que é viver. Para entender o que é ser humano você não vai para uma escola, você se transforma na escola, você se transforma em ser humano. O único jeito para você descobrir o que é ser humano é sendo humano. Descobrir o que é ser humano é 100% vivencial e 100% do tempo. Claro que se transformar em ser humano sem saber o que é ser humano é igual entrar em um labirinto de olhos fechados, você só consegue dar cabeçadas nas paredes. Mas se você já soubesse, como poderia brincar de descobrir?
O entendimento que ser humano é atividade autocientífica implica em várias mudanças de entendimento. A principal mudança é que você é um Ser Humano e não um Humano Ser. Você é um Ser que está sendo humano. O desafio para entender essa explicação é que você se chama de Ser Humano, mas se entende como Humano Ser. Assim como é preciso existir a televisão para ter onde o filme acontecer, também é preciso você Ser (existir) para possibilitar você ser humano e se experimentar sendo humano.
Você é um ser humano. Em outras palavras, você é um ser que está usando a natureza humana para se manifestar. A natureza humana é tipo um sistema operacional de computador. Você, enquanto ser, enquanto usuário da natureza humana, está antes da natureza humana, assim como um usuário de computador está antes do programa que ele está usando. O usuário é anterior ao uso. A causa é anterior ao efeito. Sem usuário não tem uso. Sem causa não tem efeito. Você, enquanto ser, enquanto usuário da natureza humana, é a causa da sua experiência humana.
Você está sendo humano porque é um Ser interessado em descobrir o que é ser humano. Seres interessados em descobrir o que é ser animal, estão sendo animais, seres interessados em descobrir o que é ser vegetal, estão sendo vegetais, seres interessados em descobrir o que é ser mineral, estão sendo minerais, e assim por diante. Cada ser está sempre sendo o que deseja experimentar.
Um dos grandes desafios de ser humano é que você não é consciente que está sendo humano por opção. Daí, surge em você a lógica do vitimismo. Surge uma revolta que grita: “Eu não pedi para nascer!”. Dentro dessa lógica, tudo que você experimenta, seja o que for, é injusto por princípio. Faz parte da descoberta do que é ser humano se acreditar vítima e se revoltar. A ignorância é fundamental para descoberta. Você precisa acreditar que é vítima para se descobrir responsável. Você precisa acreditar que é Humano Ser para se descobrir Ser Humano.
Questões que antes eram raras e restritas estão surgindo e surgirão cada vez mais no consciente da coletividade humana. São as trombetas do apocalipse. Chegou a hora de você despertar. E quando você despertar, acontecerá algo muito simples: você irá assumir a responsabilidade por ser humano. Isso é inevitável, pois a lógica do vitimismo só se sustenta por ignorância.
O problema não é que você ignora o que é ser humano, o problema é que você pensa que sabe. Você é um aluno que acredita que é professor. Acredita tanto, que anda por aí dando aula e brigando com os outros para mostrar que sabe mais. Sua ignorância é Phd. O problema nisso é o mesmo de acreditar que você sabe pilotar um avião quando de fato ignora. É por isso que você vive mal. Como viver bem sem saber o que é viver? Como viver bem ignorando o que é ser humano? Impossível. E como sair da ignorância Phd? O primeiro passo é admiti-la.
Como você pode saber se está indo bem ou mal em descobrir o que é ser humano? Eis a função da felicidade e do sofrimento. Felicidade é indicativo que você está consciente e competente em ser humano. Sofrimento é indicativo que você está INconsciente e INcompetente em ser humano. Assim como tocar bem piano é confirmação de lucidez e competência em tocar piano. Assim como dirigir bem um carro é confirmação de lucidez e competência em dirigir carro. Assim como falar bem um idioma é confirmação de lucidez e competência em falar aquele idioma. Viver bem é confirmação de lucidez e competência em ser humano.
Um homem muito culto precisava atravessar um rio. O único jeito de atravessar o rio era pegando uma balsa. Ele entrou na balsa e começou a conversar com o balseiro:
— Balseiro, você sabe matemática?
— Não sei não! — respondeu o balseiro.
— Ah, balseiro, você perdeu metade da sua vida! — exclamou o homem.
— Você sabe história romana?
— Não sei não! — respondeu o balseiro.
— Ah, balseiro, você perdeu metade da sua vida! — exclamou o homem.
— Balseiro, você sabe química?
— Não sei não! — respondeu o balseiro.
— Ah, balseiro, você perdeu metade da sua vida! — exclamou o homem.
— Balseiro, você sabe literatura portuguesa?
— Não sei não! — respondeu o balseiro.
— Ah, balseiro, você perdeu metade da sua vida! — exclamou o homem.
Então a balsa rachou e começou a encher de água. O balseiro perguntou:
— E o senhor sabe nadar?
— Não sei não! — respondeu o homem.
— Ah, então o senhor perdeu sua vida inteira! — exclamou o balseiro.
O barco afundando é o apocalipse, é o tira teima, é a hora de você avaliar se entendeu o que era fundamental entender com as experiências que teve: o que é ser humano. O homem culto é sua ignorância Phd, que sabe tudo de tudo, menos do que mais importa, saber de si. Por isso, o apocalipse é o fim da vida humana. O apocalipse deixa evidente se você sabe mesmo o que é ser humano, ou se você só tem cultura e teoria.
Imagine que terminou o ano escolar e você resolveu fazer uma avaliação do seu nível de entendimento das matérias. Você conversa consigo mesmo:
— O que entendi de química?
— Não entendi nada.
— O que entendi de geografia?
— Não entendi nada.
— O que entendi de história?
— Não entendi nada.
— O que entendi de matemática?
— Não entendi nada.
— Então, não entendi nenhuma matéria?
— Não, pois você não assistiu às aulas.
— E o que eu fiquei fazendo o tempo todo se só tinha isso para fazer?
— Também não sei.
Vamos transpor essa conversa para você sendo humano.
— O que entendi das emoções?
— Não entendi nada.
— O que entendi do pensamento?
— Não entendi nada.
— O que entendi do desejo?
— Não entendi nada.
— O que entendi de ser humano?
— Não entendi nada.
— Não entendi o que é ser humano?
— Não, pois não assisti às aulas.
— E o que eu fiquei fazendo o tempo todo se só tinha isso para fazer?
— Também não sei.
O que você está fazendo quando mata aula? Você está matando o aluno em você. Que tipo de aluno você é quando mata o aluno em você? Você é um aluno morto. É por isso que no dia do julgamento final são julgados os vivos e os mortos. Julgamento final não é você sendo condenado ao inferno ou sendo abençoado com o paraíso, é você conversando com sua consciência, analisando, avaliando e julgando se você é um aluno vivo ou um aluno morto.
A todo instante você tenta viver a vida. Você fracassa repetidamente, mas persiste obstinadamente. E não entende porque fracassa. O motivo é simples. Você não consegue viver a vida porque não existe vida. O que existe é brincadeira de descobrir o que é ser humano, o que existe é atividade de autociência. Casamento, maternidade, profissão, medo de ladrão, medo da morte, solidão, raiva, decepção amorosa, festa, trabalho, férias, coçar o nariz, fazer xixi, comer pizza, etc. Tudo que você faz e experimenta é você brincando de descobrir o que é ser humano.
Você tem medo de ser um espermatozoide. É por isso que você devora assuntos espiritualistas e está sempre em busca do próximo. Você está em guerra contra Carl Sagan e sua máxima que diz que você é feito de poeira de estrelas. A frase é bonita, mas só serve para ampliar sua angústia em escala astronômica. Esse seu conflito se chama materialismo. Nas palavras de Darwin, é a teoria que você é um espermatozoide em evolução. O problema nisso é que tudo que evolui, involui, tudo que nasce, morre, e você não quer morrer. Ninguém quer morrer. Mas você não tem outra opção. Você é um espermatozoide que quanto mais corre mais se aproxima do cemitério. Mesmo que você seja um espermatozoide resignado como Jesus, ou um espermatozoide sábio e compassivo como Buda, ou um espermatozoide famoso como Michael Jackson, ou um espermatozoide rico e poderoso como Julio Cesar, você não deixa de ter o mesmo destino de todos os espermatozoides.
Se Carl Sagan e Darwin estão certos, seu fracasso é só questão de tempo. É angustiante isso. Como solução, você busca o extremo oposto, busca teorias espiritualistas, metafísicas, etc. “Poeira de estrelas seu cu, Carl Sagan! Eu sou espírito! Sou sopa quântica! Sou consciência cósmica!”. Você aprende, decora e passa a acreditar com convicção nessas teorias. Só que teoria não resolve! Por mais forte que seja sua crença em uma teoria, você sabe que é teoria. Então, a angustia persiste. E persistirá até você encontrar a solução. Até sair do equívoco do humano ser.
Viver não é atividade biológica, é atividade pedagógica. Por isso, para viver bem, desista da pergunta: “Por que isso está acontecendo comigo?”. A resposta para essa pergunta é muito simples: isso está acontecendo com você para que você produza autoconhecimento. Seja unha encravada, coração partido, casamento, promoção, demissão, sinal verde, vermelho ou amarelo. Seja o que for, o motivo disso é sempre o mesmo: produzir autoconhecimento.
O problema é que você ainda não entendeu isso. Você ainda acredita que viver é atividade biológica. Daí, ao invés de produzir autoconhecimento, você produz vitimismo e não avança para a próxima fase do jogo. Para subir de nível você deve mudar de pergunta. Seja lá o que aconteceu ou estiver acontecendo, se pergunte: “O que isso está me ensinando sobre ser humano e sobre minha pessoa?”. Essa pergunta sim direciona sua consciência para o verdadeiro propósito do que você está experimentando: autoconhecimento.
Viagem tem dois sentidos: ida e volta. A experiência humana é semelhante, ou você está subindo no cavalo, ou você está caindo do cavalo. Subir no cavalo é adormecer na ignorância de si e do que é ser humano. Cair do cavalo é cair em si e despertar para o que é ser humano. Subir no cavalo é tão fundamental como cair do cavalo. Não dá para colocar a queda na frente da subida. Primeiro é preciso esconder o tesouro para depois brincar de caça ao tesouro. Atualmente você está despertando para si mesmo e para o que é ser humano, ou seja, você está caindo do cavalo. Entregue, confie, aceite e agradeça. A viagem do despertar é a volta dos que não foram. Caia do cavalo e celebre seu fracasso!
Você existe. Logo, você vem de si mesmo e vai para si mesmo. Essa é a resposta.
Partindo da premissa de que tudo que faz parte das possibilidades da natureza é natural, sim, despertar da consciência é natural, pois é uma possibilidade. Contudo, nenhuma possibilidade se realiza sem que você execute a realização. Sendo assim, para ter um despertar existencial você precisa praticar auto-observação existencial, para ter um despertar psicológico você precisa praticar auto-observação psicológica e para ter um despertar pessoal você precisa praticar auto-observação pessoal.
Suas necessidades humanas não são humanas, são existenciais, apenas estão humanizadas. Dito isso, a resposta a sua pergunta é não. O despertar existencial altera seu entendimento sobre sua existência e não o modus operandi da natureza humana. Você deixa de se entender como só humano e começa a se entender como ser humano. Essa é a única mudança. Mas claro que essa conscientização lhe possibilita fazer melhores opções e, consequentemente, viver melhor.
Não! Você existe! Existir não é opcional, é existencial. Existir = ser. Nascer e existir não é a mesma coisa. A mentalidade materialista iguala nascer com existir. Existência existe. Existência não tem fim porque não tem começo. A morte é o fim de uma realidade e não da fábrica da realidade.
Carne não existe, acontece. Só o que está além da carne, existe. Se carne existisse, nunca deixaria de existir. Existência nunca começa, por isso, nunca termina. O que começa e termina não existe, acontece, igual um filme na tela da televisão. O filme começa e termina. Mas a televisão não começa com o começo do filme, nem termina com o fim do filme. A televisão existe antes do filme começar e depois que o filme termina. O filme acontece, a televisão existe.
O que é carne? Ao que você está se referindo quando diz carne? Você está se referindo a uma experiência de carne. Sem a experiência de carne, que carne tem? Nenhuma! Por que não? Porque carne não é objeto físico, não é corpo físico, não é coisa feita de matéria, é objeto virtual, feito de experiência sensorial (visão, tato, paladar, audição e olfato). Todos os objetos que você supõe físicos, não são físicos, são objetos virtuais.
Entendido isso, vamos aprofundar. Se esses objetos que você supõe físicos, não são físicos, são virtuais: o que é isso que possibilita e dá corpo virtual a esses objetos? E mais! Pode isso que possibilita e dá corpo virtual aos objetos virtuais ser um corpo virtual também? Claro que não! A fábrica dos objetos está além dos objetos produzidos. É de outra natureza. Qual natureza? Existencial. E o que é isso que existe e produz os objetos virtuais? É você (você-ser).
Sim e não. O problema nessa pergunta é o entendimento sobre separação. Na lógica materialista, separação necessita de espaço e tempo. A cadeira está separada da mesa no espaço-tempo. O passado está separado do presente no espaço-tempo. Se você tentar colocar o ser aqui e o humano ali, não irá conseguir, pois não existe essa separação espaço-temporal. Mas tem uma separação, mesmo que não seja espaço-temporal. E como separar o inseparável? Usando o discernimento. Essa é a função do discernimento: separar o inseparável. Por exemplo, olhe para um objeto, qualquer objeto. Você verá que esse objeto tem três dimensões: altura, largura e profundidade. Você consegue separar no espaço-tempo a largura, da altura, da profundidade? Consegue colocar a largura do objeto em cima da mesa, a altura no bolso e segurar a profundidade na mão? Não. São inseparáveis. Contudo, você sabe que são três dimensões distintas (separadas). Isso é óbvio. E como você sabe? Através do discernimento. Analogamente, também é através do discernimento que você separa o serumano em dois: ser e humano.
Imagine que você vai jogar um videogame de realidade virtual. Você coloca o óculos, as luvas, tudo que é necessário. Imagine que nesse jogo você é um sapo. Quando você clica no botão iniciar, você precisa passar por um processo para virar sapo? Não! Sua transformação em sapo é imediata. Não tem processo nenhum, nem envolve aprendizagem. Clicou virou sapo. Metaforicamente, o mesmo acontece quando você-ser decide brincar de ser humano. Você clica na experiência humana e imediatamente você se transforma em ser humano. Também não tem processo nenhum, nem aprendizagem. Clicou virou humano. O que não significa que você já entra no jogo sabendo o que é ser humano. Pelo contrário, você entra no jogo em absoluta ignorância. Viver é você jogando o jogo para descobrir como o jogo funciona. Descobrir como o jogo funciona é produzir autoconhecimento. A produção de autoconhecimento é um processo.
Sim, exatamente! No estado de ignorância existencial você acredita que é SÓ humano, mas você não é SÓ humano, você é um SER humano.
Não! Lucidez é quando você sabe, quando você está consciente. Maestria é quando você tem competência em executar e executa com facilidade. Você pode saber o que é bicicleta, saber o que é equilíbrio e ser incapaz de andar de bicicleta porque não tem maestria em executar o equilíbrio sobre a bicicleta.
Espírito = você-ser. Você-ser é um ser, ou seja, um espírito. Só que a palavra espírito se degenerou. Espírito virou sinônimo de assombração, alma penada, gente morta, manifestação mediúnica, etc. E junto com a degeneração da palavra espírito, ocorreu também a degeneração da palavra espiritualidade. Ser = existir. Você-ser é espírito. Espiritualidade é existencialidade.
Ignorância PHD é quando você ignora que ignora. Ou seja, é quando você pensa que sabe.
Idolatria e antipatia.
Autoconhecimento não se aprende, se desperta. Para produzir autoconhecimento, o aluno precisa praticar autociência e colocar a prova as explicações recebidas. Mas quando o aluno recebe uma explicação, ele tem duas reações:
A) AMÉM! — Idolatria — O aluno acredita nas explicações ao invés de colocá-las a prova.
B) ANÉM! — Antipatia — O aluno renega as explicações ao invés de colocá-las a prova.
Tanto a opção A como a opção B impedem o autoconhecimento.
Porque não se constrói uma casa começando pelo telhado. Começamos pelo alicerce até chegarmos no telhado. Existência, vivência e convivência. A convivência é o telhado. A brincadeira de ser humano acontece mesmo é no telhado. É no telhado que o bicho pega. É no telhado que a coletividade humana está em chamas. Apagar o fogo do telhado humano é urgente para que os seres humanos não se autodestruam. Por isso tem trabalhos que pulam o alicerce e vão direto para o telhado. São trabalhos de pronto socorro. Trabalhos de bombeiro que visam apagar o fogo da má convivência. Tudo tem prós e contras. Ao meu ver, a opção de pular o existencial tem mais contras do que prós. Melhor do que ficar curando os feridos é acabar com a guerra. Por isso não pulo o alicerce existencial, mesmo que ninguém entenda.
O benefício de descobrir o que é ser humano é o mesmo benefício de descobrir como funciona o WhatsApp, como funciona um liquidificador ou como funciona uma escova de dentes: você se torna capaz de fazer bom uso.
Porque a função desse livro é cuspir na sua cara, xingar sua mãe e te chamar pra briga. Ficar irritado é o mínimo que espero de você. Se a leitura do livro Apocalip-se não te deixar revoltado, puto ou entristecido, sugiro que desista da autociência. Vai fazer curso de floral, reiki, física quântica, lei da atração, barra de access, coaching, psicologia transpessoal e o escambau. Vai ler a biblioteca inteira de autoajuda. Vai tomar chá de bambu. Vai fumar folha de bananeira. Vai rezar. Vai fazer contato com extraterrestre em Machu Picchu. Vai fazer meditação com cobertura de ovomaltine. Vai assistir palestra no Youtube. Vai comprar cristal na feirinha hippie. Tantufaz. Toma a pílula azul e continua pensando que sabe. Autociência não é para você.
Porque julgar é analisar e analisar é você conversando com você. Quando a análise é inicial, é julgamento inicial, quando a análise é final, é julgamento final.
Ser não morre porque não nasce. O que não nasce, não morre. Voser (você-ser) não nasce, logo, não morre. Voser (você-ser) existe. Existência existe.
Imagine que você está assistindo um filme e toca o telefone, toca a campainha, sua mãe entra conversando na sala, seu irmão liga a guitarra e começa a tocar heavy metal, e assim por diante. Qual será sua assimilação do filme? Será muito baixa. Esse é um dos motivos da minha recomendação. Quanto mais você se distrai com os ruídos que vem de fora, menos você consegue olhar para dentro. Os ruídos do mundo roubam sua atenção. E atenção é vital para prática da autociência.
A maioria das coisas que a 1ficina aponta, você jamais iria enxergar por conta própria. É muito sutil. Dentro de uma frase da 1ficina tem um livro inteiro compactado, igual arquivo de computador. Se você não presta atenção, se o seu pensamento está na novela, no noticiário, no instagram, na inveja, na fofoca, na política, no trânsito, no trabalho, na escola, etc, você fica só no superficial do que está sendo apontado e não assimila nada. E como o ciclo de estudos tem apontamentos novos toda semana, você perde tudo. Quando chega o fim do ciclo, você fica com a sensação de que não fez nada bem feito, nem o ciclo, nem as outras coisas.
Só que tem o ideal de prática e tem o praticante na prática. É raro o praticante que realmente se entrega ao ciclo de estudos com compromisso e foco. 99% dos alunos faz nas coxas e vem aqui em busca de terapia gratuita. O que eu posso fazer? Se é isso que tem para hoje, se é essa a disposição que os seres humanos tem para o autoconhecimento, então, é isso. Só posso fazer minha parte. Recomendar, alertar e oferecer o ciclo de estudos.
Humano Ser é o que você acredita ser. Ser Humano é o que você é.
A evidência é o arbítrio. Realidade não é arbitrária, é arbitrada. Sua experiência atual (humana) é como toda e qualquer realidade que você experimenta: produto do seu arbítrio. Entendido isso, você não OPTOU por ser humano (OPTOU – verbo no passado), você ESTÁ OPTANDO por ser humano (OPTANDO – verbo no gerúndio). Esse é o equívoco da gênese materialista. No texto bíblico esse equívoco começa assim: “No princípio era o verbo…. e todas as coisas foram feitas…” Observe: “No princípio”, então criação já foi, já aconteceu, no passado. “Era o verbo”, então criação já era, já foi, no passado. “Foram feitas”, então, já foi feito, no passado. Exatamente o mesmo equívoco ocorre com a teoria do Big-Bang. Teve uma explosão, tudo foi criado no passado e pronto. Percebe? Essa gênese é morta. Essa gênese mora no passado. Gênese é criação. Criação é viva. Gênese é o verbo no presente contínuo (gerúndio). Gênese é agora, agora, agora, agora… Gênese é TIC TAC. Então… você não OPTOU por ser humano (verbo no passado). Isso é um equívoco. Você ESTÁ OPTANDO por ser humano (verbo no gerúndio). A prova disso é que você está sendo humano.
A principal doença humana, não é humana, é existencial. Esse é o problema. A principal doença do ser humano é a ignorância sobre o que é ser humano. Ignorância é uma questão consciencial, ou seja, existencial. O doente é você-ser e não você-humano. Sua doença consciencial é dormir (estado de ignorância). A natureza humana é apenas o programa que você-ser está usando para brincar de ser humano. A natureza humana é como um carro. Você-ser é o motorista. O motorista dorme no volante e o carro cai no abismo. Que culpa tem o carro? Nenhuma! Outroísmo é efeito colateral da ignorância. Nenhum ser humano lúcido vive outroísta.
Essa crença inverte seu entendimento sobre a criação da realidade te colocando na posição de vítima. — MENTALIDADE VITIMISTA: Existe vida. A vida me cria. Logo, sou produto da vida. Logo, sou efeito. Logo, sou vítima. — MENTALIDADE RESPONSÁVEL: Existe viver. Meu viver cria a vida. Logo, sou produtor da vida. Logo, vida é produto do meu viver. Logo, sou causa. Logo, sou responsável.
Essa confusão faz surgir em você sua primeira doença psicológica. Uma doença com a qual você irá lutar até a morte. Que doença é essa? A vida.”A vida é uma doença, Ferrari?” Sim, claro! A vida é a doença do envelhecimento. E não tem cura.
Só tem duas maneiras de viver. Você pode: A) viver BEM ou B) viver MAL. Para viver BEM é preciso despertar para o que é ser humano. Para viver MAL, ignorância serve.
Sentimento de perplexidade. É espantoso ver como o equívoco do materialismo é sutil e por isso muito difícil de despertar.
Não existe criança. Você não é um HUMANO SER, você é um SER HUMANO. O que existe é um ser brincando de ser humano numa fase da brincadeira que chamamos de infância. Você opta por brincar de ser humano, mas você não tem ideia do que irá experimentar nessa brincadeira, assim como quando você compra um disco que você nunca ouviu antes. Você compra para ouvir, para descobrir que música tem ali. Então, sua opção é só essa: sim vou entrar nessa brincadeira. Daí você entra. Logo que entre o médico te lasca um tapa na bunda. No dia seguinte você sente uma puta dor de barriga. Creeeeedo! O que tá acontecendo? É vontade de cagar, mas você nunca cagou antes, não sabe o que está acontecendo. E assim você vai descobrindo o que é ser humano. Pode ser que você ganhe na loteria e pode ser também que você seja estuprada. Tudo faz parte das possibilidades. Seja qual for sua experiência na brincadeira, é sempre efeito da sua opção de estar brincando. Ninguém te obrigou a brincar de ser humano, nem tem esse poder. Você está brincando por opção sua. O mesmo com todos os seres humanos, o que inclui o ser humano que você está chamando de criança.
Nem eu, nem você, nem ninguém ou coisa alguma. Só que eu sei disso e você ignora. Se quiser saber também: apocalip-se!
Schopenhauer está certo dentro da mentalidade materialista. Ele entende o ser humano como um espermatozoide em evolução, logo, não entende a função pedagógica do sofrimento. Ele vê o sofrimento apenas como uma espécie de maldição da vida.
Aqui é espaço e agora é tempo. Você-ser é a fábrica do tempo e do espaço, logo, você-ser existe além do aqui e agora. Vou criar uma imagem para ajudar no entendimento. Você-ser é como uma televisão. O filme passando na televisão é o aqui e agora. Quando você muda de canal, muda o filme, muda o aqui e agora, mas não muda a televisão. A televisão continua sendo o que sempre é: a fábrica dos filmes. Metaforicamente, o mesmo acontece com você-ser. A realidade que você experimenta aqui e agora é um filme passando dentro de você-ser e não do lado de fora. Você-ser é a televisão e não o personagem no filme. Acreditar que você é só o personagem no filme, só humano, ignorando a televisão, é se ver como humano ser. Despertar a consciência para a televisão, para você-ser, é se ver como ser humano. Então, na verdade, você-ser, nunca esteve e nunca estará aqui e agora. Você-ser está sempre em si, na unidade existencial que você é, quer você esteja consciente disso ou não.
Sim, você vai morrer. Tudo que nasce morre. Você nasceu, então, vai morrer. O que acontece quando você desperta a consciência existencial, é que você fica consciente de que você existe e que sua existência não nasce nem morre, existe.
Sua doença não é ser humano, sua doença é a ignorância de si. Você não consegue lidar bem com sua experiência humana porque você ignora o que é ser humano. Raiva, alegria, afeto, tristeza, mágoa, dúvida, desejo, repulsa, pensamento, tudo isso é natural, inevitável e saudável. Você briga com o natural porque acredita que é antinatural. Brigar contra o natural é burrice, é o mesmo que ficar brigando contra o funcionamento do Android do seu celular. Mas uma hora você percebe a burrice que está fazendo. Pode demorar o tempo que for, uma hora fica óbvio. Daí, nesse glorioso momento, você dá o primeiro passo para começar a viver bem. Ao invés de ficar brigando com sua natureza humana, você começa a observar, estudar e entender como lidar bem com ela.
Tudo que nasce, evolui, involui e morre. Você, enquanto pessoa humana, nasceu e irá morrer. O destino de tudo que nasce é morrer. Sua experiência humana nasce e evolui até chegar ao fim. O que não nasce, não evolui, não involui e não morre. Você, enquanto ser, não nasce, não evoluiu e não morre. Você, enquanto ser, existe.
Você está buscando provar que é vítima. “Tá vendo! Eu sou uma vítima! Tem obrigação sim, não é escolha minha!”. Eu honro sua busca. Também não me dobrei até comprovar o contrário. O vitimismo não morre nem que Deus chegue na sua orelha e te fale que você está equivocado. Só morre quando você desperta a consciência. Dito isso, vamos supor que você consiga provar que é vítima. Para quem você estaria provando? Para Deus? “Olha aqui, Deus, sou uma vítima sua, eis aqui a prova”. Ou então, para os outros? “Olha aqui, povo, somos vítimas da vida, do universo e da porra toda, eis aqui a prova”. Para mim? “Você está errado cara, eu sou uma vítima”. Enfim, para quem você quer provar que é vítima? E para quê?
Você-ser não precisa fazer nada para existir. Nem tem como você deixar de existir. Você-ser simplesmente existe. Só que até falar “ser existe” é errado e induz ao equívoco da dualidade. Não tem duas coisas: você-ser e existência. Você-ser é existência. Falar “ser existe” é pleonasmo, igual falar subir para cima. Mas toda linguagem é dualista, então, dizer “ser existe” é pedagógico e pode ajudar no entendimento.
Pior do que isso! Desmaterializei toda a matéria do universo. O despertar da consciência não faz você perceber além da matéria. Isso é impossível. O despertar da consciência deixa óbvio que matéria é apenas uma perspectiva perceptiva. Depois que você desperta a consciência, a matéria continua lá do lado de fora, dura e tridimensional, exatamente como antes. Nada muda. A única coisa que muda, é que antes de despertar, você ignorava que matéria é perspectiva perceptiva, depois isso fica óbvio.