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Cidade não tem noite, sois eletrônicos acendem com o timer e o espetáculo da escuridão, mesmo presente, fica invisível. Sempre morei na cidade. Quase sempre. Tempo suficiente para que minhas retinas se esquecessem que são duas luas. Certa vez, enjoado da Avenida Paulista, fui morar em um sítio. Lá, quando ficava noite, ficava noite. E tanto, que no quarto onde dormia, não fazia diferença estar de olhos abertos ou fechados. Muitas vezes, acordava antes do sol, da memória e até de mim mesmo para ficar olhando o breu. Impressionante como o quarto encarnava no espaço com a luz do dia. Surgia a porta bege, a janela de ferro e o armário Marabraz. Quanto mais luz, maior era meu estado catatônico. — Altura! Largura! Profundidade! De onde vem isso? Não estavam aqui! Tenho certeza! Será que foi o sol que trouxe? — pensava. De repente, o galo cantava. E eu já não era o único bicho no mundo querendo acordar o mundo para o absurdo que o mundo é.

Você perdeu completamente a capacidade de perceber quão extraordinário é o ordinário, quão maravilhoso é o trivial. Você acha normal que a realidade seja tridimensional, dura, colorida, quente, fria, aromatizada, etc. Você acha normal que existam objetos. Você acha normal que os objetos estejam rodeados de espaço. Você acha normal o espaço ser vazio.

Acooooorda! Não tem nada de normal nisso! A realidade é um absurdo. Altura, largura e profundidade! Onde já se viu isso? Que maluquice é essa? Que delírio é esse? Todos os aspectos da realidade são um completo absurdo. Não tem lógica.

Só que você se acostumou com o absurdo. Você não vê mais o absurdo. Você bebe água e não percebe o absurdo líquido descendo pela sua garganta. Você faz yoga, aprende todos os pranayamas, mas não percebe o absurdo que é respirar. Você senta em posição de flor de lótus, passa 10 horas olhando para parede, mas não entra em êxtase com o absurdo que é se sentir dentro de um corpo olhando para uma parede. Você mastiga uma dúzia de cogumelos alucinógenos, mas não percebe a viagem que é ter dentes, mastigar e sentir sabor.

Você não percebe mais quão extraordinário é o ordinário. Você vive como um zumbi. Por isso que você busca experiências espirituais e transcendentais. Seu adormecimento é tão profundo que você precisa transformá-lo no pesadelo da busca pelo extraordinário para conseguir acordar. Tremendo equívoco!

Quer atingir a iluminação? Grátis e imediata? Sem blablablá? Sem trelelelê? Sem precisar ficar sentado em posição de flor de lótus? É simples! Sai correndo e dá uma cabeçada bem forte na parede. Sinta o absurdo da dureza. Sinta o absurdo da dor. E pronto!

Se uma árvore cai na floresta e ninguém está perto para ouvir, ela fez barulho? Essa é uma questão existencial muito famosa. Outra maneira de formular a mesma pergunta, é assim: o mundo existe quando você não está olhando para ele? Você acredita que sim. Mas a resposta é não. Mas para que você possa entender porque o mundo não existe quando você não está olhando para ele, primeiro você precisa despertar para o motivo pelo qual você acredita justamente no oposto.

Você acredita que o mundo existe mesmo quando você não está olhando para ele, porque você vive iludido por um truque de percepção chamado: materialismo. Sabe quando um mágico faz um truque e parece que ele está tirando um coelho de dentro da cartola. Você também está iludido pelo truque do materialismo. Só que você nem sabe disso. Até porque, se soubesse, não estaria iludido. Mas enfim, para que você possa sair desse truque de percepção chamado materialismo, você precisa entender porque está sendo iludido por ele. Vou te explicar o truque de uma forma visual fazendo uma analogia. Use a analogia como apontamento para ficar consciente que o mesmo está acontecendo na sua experiência de ser humano.

Sua noção de existência é baseada no que você vê com os olhos. — Sim, tem os outros sentidos também. Estou focando na visão para simplificar a explicação. — Você vê a cadeira, então, a cadeira existe. Você vê o gato, então, o gato existe. Você vê a árvore, então, a árvore existe. Você vê o sol, então, o sol existe. Você vê o mundo, então, o mundo existe. E, claro, você olha para você e vê um corpo, então, você é um corpo que existe. Sendo assim, baseado no que seus olhos estão te mostrando, você vive acreditando que é um corpo material vendo um mundo externo e material com os olhos, tal como no vídeo a seguir.

Por favor, não se sinta o aluno mais burro da classe por viver iludido pelo truque do materialismo. 100% dos seres humanos vivem iludidos igual você. E os que já saíram do equívoco são a minoria e tiveram que pisar exatamente nas mesmas pedras pontudas que você está pisando, atravessar o mesmo deserto, para conseguirem despertar. Não é vergonha nenhuma viver iludido pelo truque do materialismo, é o mais comum e quase inevitável. Mas você não precisa ficar iludido. Você pode sair com facilidade. O que vou te explicar a seguir é uma analogia para que você aplique na sua experiência humana e perceba o truque acontecendo na prática.

Você se vê como sendo um corpo, mas isso não significa que você é um corpo, significa apenas que é assim que você se vê. E é assim devido à ilusão perceptiva do materialismo. Esse é o primeiro ponto a ser entendido. O segundo ponto é que ser é nada. Você é um ser, você existe, mas existência não é espaço cheio, existência é espaço vazio. Espaço cheio é tudo que você vê. Você, observador do cheio, é um vazio, um nada. Eu sei que parece um absurdo pensar que o observador do cheio é o vazio, mas é assim e logo deixará de ser um absurdo.

Vamos ao passo principal para você entender o truque do materialismo. Recapitulando, baseado no que seus olhos estão te mostrando, você vive acreditando que é um corpo material vendo um mundo externo e material com os olhos, tal como no vídeo a seguir.

Mas você é um SER imaterial interagindo com outros SERES imateriais através de uma interface humana que faz você se ver como um corpo humano vendo um mundo externo e material com os olhos, tal como no vídeo a seguir.

Sua experiência do mundo não é sensorial, é virtual. E qual é a diferença? A diferença é que experiência sensorial significa que você tem olhos materiais e está enxergando um mundo externo material através deles, tal como no vídeo abaixo.

Experiência virtual significa que você não tem perna, nem braços, nem cabeça, nem olhos, nem nada. Significa que você é um SER imaterial olhando para uma interface que faz você ter a ilusão de que você é um corpo enxergando um mundo externo e material através dos olhos, tal como no vídeo abaixo.

Resumindo: 1) Seus olhos são tão virtuais como o mundo que você está vendo. 2) Ver não é um processo sensorial, é um processo existencial. Por isso que o mundo não existe quando você não está olhando para ele. Ver o mundo não é enxergar o mundo, é renderizar o mundo. Quando você mexe a cabeça para olhar para direita, você não está mexendo a cabeça, você está dando um comando para interface renderizar o mundo a direita. Quando você mexe a cabeça para esquerda, o mesmo acontece. E quando você tenta olhar para você, a interface renderiza um corpo com pernas, braços, tronco e cabeça. Se você passar um bisturi no seu corpo, a interface irá renderizar todos os órgãos e assim por diante. Por isso você acredita que está vendo um mundo externo e material com os olhos.

Sendo assim, vamos agora dar um fim a pergunta que gerou tanta polêmica e discussão entre filósofos e cientistas:

Por que o mundo não existe quando você não está olhando para ele?

1) Porque você não tem olhos para ver o mundo.
2) Porque ver o mundo não é enxergar o mundo, é renderizar o mundo.
3) Logo, sem renderização, sem mundo.

Um corpo é um corpo porque tem dimensão. Se não tiver dimensão, não é um corpo. O materialismo supõe que as dimensões dos objetos estão nos objetos. Só que é óbvio que altura, largura e profundidade é uma criação mental. É óbvio se você investigar, se não investigar, você vai viver sob a suposição de que é uma característica que vem de fora para dentro. Todas as características dos objetos são construídas dentro do observador, pelo sistema de decodificação do observador. Está vendo o peixe nadando no monitor do seu computador. Achar que o mundo é externo, com altura, largura, profundidade, é achar que a internet está enviando peixe para o seu computador. Você sabe que não é assim. A internet emite impulso, que é decodificado pelo computador, e daí surge no monitor o peixe com altura, largura e profundidade, nadando num aquário cheio de água. Mas no cabo da internet não está vindo peixe, não está vindo aquário, não está vindo água.

Considere que essa realidade que você está experimentando é um sonho. Não estou falando para você imaginar nada. Olhe para a realidade que está experimentando agora tal como se apresenta, apenas considere que é um sonho e não uma realidade física. Se é um sonho, você não é de fato um corpo contido no espaço, você é um sonhador sonhando que é um corpo contido no espaço. Mas se você é um sonhador, cadê você? Pegue o dedo do seu corpo dentro do sonho e aponte para o sonhador. Percebe que embora você, sonhador, esteja em todo lugar, você não está em lugar nenhum? Percebe que embora você, sonhador, seja o único que existe de fato, você não existe dentro do sonho?

Por mais incrível que possa parecer, o que lhe impede de despertar a consciência, é que você é incapaz de considerar que essa realidade que você está experimentando agora e sempre é uma realidade virtual, ou seja, um sonho. Você foi ensinado a acreditar que essa realidade que você está experimentando agora e sempre é física, feita de matéria física, assim como seu corpo. Você foi ensinado a acreditar que esse corpo possui um cérebro físico e que esse cérebro produz uma coisa misteriosa chamada consciência. Você foi ensinado que os cinco sentidos é um tipo de consciência chamado cognição e que é através deles que você percebe o mundo material contido no espaço. Só que isso é um equívoco. Essa realidade que você está experimentando agora e sempre é um sonho. Não é feita de matéria, é feita de experiência de materialidade.

Claro que essa experiência de materialidade, após anos de repetição, é bastante convincente em te convencer sobre um equívoco chamado materialismo. Que equívoco é esse? É o equívoco de igualar experiência com existência. Por isso você diz que cadeira existe, que árvore existe, que estrelas existem, etc.

O que você pode afirmar com certeza absoluta sobre tudo que diz que existe? Esqueça o que aprendeu. Esqueça o que lhe disseram os professores, os sábios, os cientistas, os filósofos, etc. O que você pode afirmar inegavelmente sobre tudo que diz que existe? Você pode afirmar que é uma experiência. O que são cadeiras, árvores e estrelas para você, senão experiências que você chama de cadeiras, árvores e estrelas? O que é seu corpo para você, senão uma experiência que você chama de corpo?

Eu sei que você tem medo de despertar a consciência e ficar sem corpo. Mas você nunca teve corpo e nem por isso deixou de ter. Seu corpo, assim como todo objeto material, sempre foi e sempre será uma experiência de fisicalidade. A única coisa que muda com o despertar da consciência é que você para de acreditar no equívoco do materialismo. Você continua tendo a experiência de ser um corpo sentado em uma cadeira pegando um copo e bebendo água. Você apenas vivencia tudo isso sem o equívoco do materialismo.

Um objeto tem altura, largura e profundidade porque existe, ou existe porque tem altura, largura e profundidade? Todos os capítulos deste livro foram produzidos para lhe ajudar a ficar consciente que os objetos parecem existir fisicamente porque você tem experiência de dimensão (altura, largura e profundidade) e não porque os objetos são corpos físicos no espaço. Sendo que seu corpo é um objeto, este livro também foi escrito para que você fique consciente que você não tem cinco sentidos, mas cinco tipos de experiências sensoriais. E também, para que você fique consciente que você não é um corpo contido no espaço, você é um ser adimensional tendo uma experiência de que você é um corpo contido no espaço.

Se você ainda não ficou consciente da virtualidade da realidade e do equívoco do materialismo, relia esse livro quantas vezes precisar, até despertar a consciência.

PERGUNTAS

Que distância? Qual é a distância entre você e sua realidade? Eis uma ótima prática para despertar a consciência! Observe a distância entre você e sua realidade. Pegue uma régua e procure medir a distância entre você e sua realidade. Você irá perceber que a régua também é realidade, então, não serve para você medir a distância entre você e sua realidade. Mas você pode colocar a régua na frente do seu corpo e medir a distância entre seu corpo e a parede. Só que tanto seu corpo, como a régua, como a parede, são a mesma experiência, é a mesma realidade. O desafio é você medir a distância entre você e sua realidade. Se você faz essa prática, se faz mesmo, você desperta e percebe que não existe distância, que distância é experiência de fisicalidade. Você é simultaneamente criador da sua realidade e a realidade que está experimentando. Não tem distância entre criador e criatura, entre observador e observado.

Imagine que você está jogando um videogame. Você é um personagem em frente uma caixa. Você abre a caixa e tem um gato dentro. O gato estava dentro da caixa antes de você abrir? Se você partir da premissa materialista que supõe que a realidade é externa, dimensional, e temporal, independente da observação, você dirá que sim. Óbvio que o gato estava dentro da caixa, caso contrário, você não teria visto o gato quando abriu.

Essa resposta está perfeita na lógica materialista. Só que você é um personagem em um videogame e não um corpo material no universo. No videogame, nenhuma realidade se faz presente na tela até que você a crie através do controle (arbítrio). Enquanto você não opta por abrir a caixa, não tem sequer a imagem do interior da caixa, pois o videogame não criou essa imagem na tela ainda. Então, pode ter um gato dentro da caixa, mas também pode ter um repolho roxo, um pote de sorvete, um sapo, uma cebola, etc, infinitas possibilidades.

Sua decisão em abrir a caixa é o tal do colapso de onda. Você opta por abrir a caixa e experimenta a realidade resultante dessa opção. A partir desse momento, e só a partir desse momento, o videogame cria a realidade do interior da caixa com um gato dentro. Se você ignorasse que está jogando um videogame, você teria a convicção de que o gato é uma coisa material dentro de uma caixa material e que ele apareceu dentro da caixa porque já estava lá dentro.

Pense em um videogame. Na realidade virtual de um videogame também tem “leis da natureza”, só que você sabe que são criações do videogame. Nessa experiência humana que você está tendo, é a mesma coisa, só que você ignora que são leis do egogame.

Investigando porque você acredita que o mundo é externo. Olhe para isso que você chama de “externo” e investigue do que se trata através da auto-observação. O que é externalidade? Quanto mais você investigar, mais consciente irá ficar que se trata de uma perspectiva perceptiva de externalidade e não de externalidade.

Praticando auto-observação existencial. Se você observar atentamente os movimentos do mágico no vídeo abaixo, você se tornará consciente do truque que o mágico está executando. Você é um ser humano. Sua humanidade é um mágico. É sua humanidade que está produzindo o truque da experiência humana que inclui sua experiência de materialidade e externalidade. Auto-observação existencial é assistir seus próprios movimentos mentais até que o truque da materialidade e da externalidade se tornem evidentes. Uma vez que se tornam evidentes, não tem mais mágica, vira autoconhecimento.

Observe que lugar é experiência de fisicalidade. Observe que seu corpo é experiência de fisicalidade. Observe que seu corpo deslocando pelos lugares é experiência de fisicalidade. Observe que o ato de experimentar não é uma experiência e não sai do lugar.

Imagine que você (ser) e todos os outros (seres) humanos estão jogando um videogame. Todos nasceram com um óculos de realidade virtual e não conseguem tirar. Cada um está “enxergando” o mundo “externo” através dos seus óculos de realidade virtual. Vocês acreditam que existe um mundo externo, pois quando conversam, entram em acordo sobre o que estão “vendo”. Só que não tem nenhum mundo externo. Cada um está vendo apenas a telinha dos seus óculos de realidade virtual simulando um mundo externo. É mais ou menos assim.

Através do estímulo. Vamos supor que eu te envie uma fotografia de uma girafa. O que saiu do meu computador, viajou pela internet, chegou até o seu computador e está fazendo você ver essa girafa, foi uma girafa? Essa girafa foi andando pelo fio da internet e entrou na tela do seu computador? Foi isso que aconteceu? Não, o que viajou pela internet foi uma série de impulsos que o seu computador decodificou e mostrou na tela como girafa. Analogamente, o mesmo está acontecendo com tudo isso que você chama objetos materiais e externos.

Imagine uma televisão que nasceu assistindo a si mesma. Essa televisão vai acreditar que as imagens na tela são a tela. As imagens estão mais perto do que perto, estão na tela e a televisão nasceu assistindo as imagens, então, a televisão não tem como colocar um espaço entre a tela e a imagem. Até porque, não existe de fato espaço separando a tela da imagem na tela. Como separar? Simples. A tela é a fabrica e a imagem é o produto. O mesmo está acontecendo com você. Você-causa = televisão. Você-efeito = realidade. A televisão está assistindo a si mesma, você também.

Depende do que você chama de consciência. Se por consciência, você se refere as coisas que você sabe, então, sim, é uma programação. Se por consciência, você se refere a capacidade de saber das coisas que sabe, então, não, consciência é o saber que está sabendo da programação.

Sim, tudo que você está vendo agora e sempre é virtual. Olhe para um objeto. Note que é um objeto tridimensional com altura, largura e profundidade. De onde vem altura, largura e profundidade? Faz parte da estrutura do universo? O universo é tridimensional? Não! O universo é adimensional. O universo não tem dimensão nenhuma. Altura, largura e profundidade são construções mentais humanas para você conseguir lidar de forma humana com os estímulos adimensionais que chegam até você.

Muito abstrato? Calma! Para facilitar o entendimento, vou explicar fazendo uma analogia. Pense na internet. Você está pesquisando um site para comprar um sapato. Você clica e aparece um sapato azul na tela do seu navegador. Esse sapato azul tridimensional que você está vendo na tela, com altura, largura e profundidade, saiu da loja, percorreu o fio da internet e chegou na tela do seu navegador?

Claro que não! O sapato é virtual. O que saiu da loja e chegou no seu navegador foram sinais de internet e não o sapato. O sinal da internet é feito de impulsos. Impulsos não tem altura, nem largura, nem profundidade. Impulsos são adimensionais. O que está criando um sapato tridimensional na tela do seu computador é a decodificação que seu computador está fazendo dos impulsos.

O mesmo está acontecendo com essa realidade que você está experimentando agora e sempre. Ela é sua decodificação humana e dimensional de impulsos adimensionais. Ou seja, é uma realidade virtual humana.

O que é carne? Ao que você está se referindo quando diz carne? Você está se referindo a uma experiência de carne. Sem a experiência de carne, que carne tem? Nenhuma! Por que não? Porque carne não é objeto físico, não é coisa feita de matéria, é objeto virtual, feito de experiência sensorial (visão, tato, paladar, audição e olfato). Todos os objetos que você supõe físicos, não são físicos, são objetos virtuais.

Carne não existe, acontece. Se carne existisse, nunca deixaria de existir. Existência nunca começa, por isso, nunca termina. O que começa e termina não existe, acontece, igual um filme na tela da televisão. O filme começa e termina. Mas a televisão não começa com o começo do filme, nem termina com o fim do filme. A televisão existe antes do filme começar e depois que o filme termina. O filme acontece, a televisão existe.

Se esses objetos que você supõe físicos, não são físicos, são virtuais: o que é isso que possibilita e dá corpo virtual a esses objetos? E mais! Pode isso que possibilita e dá corpo virtual aos objetos virtuais ser um corpo virtual também? Claro que não! A fábrica dos objetos está além dos objetos produzidos. É de outra natureza. Qual natureza? Existencial. E o que é isso que existe e produz os objetos virtuais? É você (você-ser).

Sim, mas é preciso entender o que significa infinito e eterno. Para mentalidade materialista, infinito é algo muito grande, eterno é o que dura muito tempo. Isso é um equívoco. Muito muito muito grande, não é infinito, é muito muito muito grande. Muito muito muito tempo, não é eterno, é muito muito muito tempo. E o que é infinito, então? Infinito é adimensional. E o que é eterno? Eterno é atemporal. O atemporal é a fábrica do tempo. O admensional é a fábrica das dimensões (forma, grandeza). Você (ser) é atemporal e admensional. Você é a fábrica do espaço-tempo.

Não, porque consciência não se manifesta, consciência testemunha a manifestação. Fazendo uma analogia. Quando você vai ao cinema e assiste a um filme, o que você assistiu foi uma manifestação da sua visão? Não! O filme foi uma manifestação do projetor e sua visão testemunhou a manifestação do projetor. O mesmo está acontecendo agora e sempre. O universo está se manifestando. O universo é a coletividade dos seres. Você é um ser humano, sua realidade é você-consciência testemunhando a manifestação do universo.

Se é experiência, não é crença. O materialismo é uma crença. A experiência de materialidade é uma experiência. Não confunda pires de oliveira com pratinho de azeitona.

Não, é o oposto. A interface humana que cria o corpo. Igual em um jogo de videogame, não é o avatar que cria o jogo de videogame, é o jogo de videogame que cria o avatar.

Você é um ser universal. Seu ambiente é o universo. Mas quando falo “universo” não estou me referindo a esse espaço repleto de estrelas e planetas que você acredita que é o universo. Isso não é o universo. Isso é apenas uma experiência visual. O universo não é uma experiência. O universo é a coletividade dos seres. Você está em constante interação com todos os seres do universo e vice-versa. Cada ser decodifica sua interação com o universo usando uma interface, você é um ser universal usando uma interface humana. Por isso você está tendo uma experiência humana e se entende como ser humano.

O que te impede é o hábito de acreditar no materialismo. Seus educadores lhe ensinaram a viver na mentalidade materialista e, desde cedo, você transformou essa mentalidade em um hábito. Esse hábito foi sendo alimentado e se tornou tão forte que você nem percebe que é um hábito.

Nada! Tudo na sua realidade é decodificação da manifestação dos seres. Sua decodificação da manifestação dos seres não são os seres em si, assim como o que você vê na tela do seu computador não são os sinais de internet.

Esse é o equívoco do materialismo. Para ficar consciente da natureza da matéria, você deve estudar OS cinco sentidos e não COM os 5 sentidos. Você deve investigar como os 5 sentidos criam a perspectiva perceptiva de materialidade que você chama de matéria.

Para criar a perspectiva perceptiva de mundo externo.

Não é difícil. É fácil. Olhe para o seu corpo. O que está acontecendo quando você está olhando para o seu corpo? Basicamente você está tendo uma experiência visual de corpo, não é? Isso é óbvio. A dificuldade não está em perceber o corpo como uma experiência, mas em perceber que você não é o corpo, que você é o experimentador do corpo.

Você é uma consciência adormecida na mentalidade materialista. Esse adormecimento faz você acreditar que você é o corpo. A todo instante, o fato de você estar experimentando o corpo, te mostra que você está equivocado. Mas sua crença no materialismo é muito arraigada, desde que você nasceu você cultiva a crença de que você é o corpo. Virou uma verdade. A dificuldade é perceber que essa verdade é um equívoco.

Dito isso, outra dificuldade é que sua experiência de corpo acontece com perspectiva perceptiva de primeira pessoa. Essa perspectiva faz você acreditar que está percebendo o mundo através dos cinco sentidos do corpo, que está vendo com os olhos, ouvindo com os ouvidos, cheirando com o nariz, e etc. Essa perspectiva perceptiva de primeira pessoa é o videogame de simulação de realidade virtual perfeito.

E você não tem como sair dela assim como você sai de um videogame, tirando os óculos, ou desligando o videogame. O que você pode fazer é despertar a consciência dentro da realidade virtual e perceber que é uma realidade virtual e não material. Mas ainda assim você continuará tendo exatamente a mesma experiência que tinha antes de despertar.

No filme A Origem, o personagem principal responde sua pergunta assim: “Qual é o parasita mais resistente? Uma bactéria? Um vírus? Não. Uma ideia! Resistente e altamente contagiosa. Uma vez que uma ideia se apodera da mente, é quase impossível erradicá-la. Uma ideia totalmente formada e compreendida, permanece para sempre”. O que você acha que estou fazendo com você? Estou combatendo o vírus do materialismo arraigado em você. O materialismo é o vírus mais resistente da experiência humana. O materialismo é o vírus que cria e sustenta o sistema social que tritura diariamente seus integrantes. E ainda é defendido com unhas e dentes. Que vírus pode ser pior que o materialismo?

Porque matéria é experiência de materialidade e experiência acontece dentro do observador e não no objeto observado.

Porque sentir é uma experiência e despertar existencial não é uma experiência, é ficar consciente sobre o que é experimentar. Nesse caso, ficar consciente que a realidade externa não é externa, apenas parece externa, porque é uma experiência de externalidade.

Só que isso é tão simples que você começa a duvidar: “Iluminação não pode ser só isso. Não mudou nada. Está igual antes. Tem que ter alguma coisa a mais. Não sinto isso. Cadê o êxtase da iluminação? Cadê o nirvana? Cadê os códigos fontes da Matrix? Cadê a porra toda? Eu quero a porra toda!”. Desculpae, mas iluminação não acrescenta nada, retira os equívocos.

Iluminação é menos!

Ao entrar na experiência humana, você, assim como todo ser, assume a lógica materialista e a partir daí edifica todo seu conhecimento e autoconhecimento. Seu AUTOCONHECIMENTO está alicerçado no materialismo: eu sou um corpo. Seu CONHECIMENTO também está alicerçada no materialismo: o outro é outro corpo. Quando a 1ficina explica que matéria não é material, ou melhor, quando a 1ficina esfrega na sua cara que matéria é experiência de fisicalidade, é como se a 1ficina estivesse jogando uma bomba atômica na sua mentalidade materialista e explodindo sua noção de “eu”. Sua mentalidade materialista se sente ameaçada, ela não quer morrer. O que você chama de “resistência” é seu hábito de acreditar no materialismo lutando para sobreviver. Essa resistência é natural e inevitável. Faz parte do processo de despertar existencial.

Os cinco sentidos não percebem os objetos materiais que existem externamente independentemente de estarem sendo percebidos, os cinco sentidos criam os objetos e a perspectiva de alteridade (objeto externo). Essa é a resposta simples, óbvia e desconcertante. Retire o tato, a visão, a audição, enfim, retire os cinco sentidos que fazem você supor um objeto material e externo, que objeto material e externo tem? Não tem nenhum! E por que não? Porque não tem objeto material e externo em si para ser percebido pelos sentidos, nunca teve, nunca terá. Só tem experiência de objeto, que no caso do ser humano, é feita de cinco sentidos.

Nenhuma. Uma interface de computador é um conjunto de fôrmas eletrônicas. Você já reparou no nome do processo computacional que apaga tudo e reinstala o sistema de um computador. Esse processo se chama “formatação”.

Percepção é um conceito de lógica materialista, supõe que pré-exista uma realidade externa dimensional antes de ser percebida e que você a experimenta através dos cinco sentidos. Experiência é um conceito de lógica existencialista, também diz respeito aos cinco sentidos, mas não supõe uma realidade externa dimensional pré-existente. Um sonho, por exemplo, é uma experiência dimensional, mas não uma realidade externa dimensional pré-existente.

A lógica da explicação existencial é a lógica existencial. Só que a lógica existencial é uma lógica atemporal e adimensional. Então, não tente entender a lógica maior pela menor. Não tente encaixar o atemporal e adimensional dentro do temporal e dimensional. Faça o oposto. Perceba que a lógica do materialismo está contida na lógica existencial. Perceba que temporalidade e dimensionalidade é produto da existência. Percebido isso, problema resolvido.

O paradigma materialista não é sempre um problema. Muitas vezes é solução. Você precisa usar o paradigma materialista para executar todas essas atividades físicas e práticas que você executa o tempo todo, como fritar um ovo e comê-lo, por exemplo.

Para entender quando o paradigma materialista é um problema, você deve se perguntar o inverso: “Para que NÃO SERVE o paradigma materialista?”. O paradigma materialista não serve para explicar o que é a vida e o que é ser humano. E por que não serve? Porque se servisse, já tinha servido e você viveria bem.

Ligue seu aparelho de som e coloque uma música para tocar. Quem está criando a música? Você dirá convicto que é o aparelho de som. Mas isso é um equívoco. Quem está criando a música é você, ouvinte, o aparelho de som está apenas produzindo estímulos, impulsos, frequências. Não tem nenhuma música saindo do alto-falante do aparelho de som, tem apenas vibração sonora. Quem está produzindo a música é a sua cabeça. Como? Através do processo mental de decodificação dos impulsos sonoros que saem da caixa de som e chegam até seus ouvidos.

Quem cria a música é o ouvinte, ou seja, o observador do som. O mesmo acontece com a matéria. Quem cria a matéria é você-observador. O que você chama de matéria é sua decodificação humana de impulsos. Quando um impulso chega em você, você o decodifica usando 5 bases sensoriais: audição, tato, olfato, paladar e visão. Esse processo de decodificação produz dentro de você um objeto que você chama de físico, material.

Observe um objeto. Qualquer objeto. Do que esse objeto é feito? É feito de dureza e temperatura. Isso é tato. É feito de largura, altura, profundidade e cor. Isso é visão. É feito de sabor doce. Isso é paladar. É feito de cheiro azedo. Isso é olfato. É barulhento. Isso é audição. Então, do que esse objeto material é feito? É feito de experiência sensorial: audição, tato, olfato, paladar e visão. E quem está dando corpo sensorial a estímulos sem forma? É você!

Quem cria a matéria é o observador. Você é um observador, então, você é um criador de matéria. Você é um observador humano, então, você é um criador de matéria humana. Outros tipos de observadores criam outros tipos de matéria porque possuem outros tipos de sistemas de decodificação sensorial.

Nem eu, nem você, nem ninguém, nem coisa alguma. Só que eu sei disso e você ignora. Se quiser saber também: acorde!

É errado usar o verbo ESTAR para tratar da existência, o correto é usar o verbo SER. Você É o espaço. Sua realidade ESTÁ em você.

Sim, o que você chama de matéria não é matéria, é experiência de fisicalidade. Experiência de fisicalidade é feita de uma gama de atributos: altura, largura, profundidade, cor, peso, textura, cheiro, etc. Esses atributos da experiência de fisicalidade são atribuídos pela sua natureza humana. Sua natureza humana está em você. Então, quando você estuda os atributos da matéria, está estudando a si mesmo, está estudando sua humanidade. Não existe conhecimento sem conhecedor, então, todo conhecimento é autoconhecimento.

Tocar é experiência de fisicalidade. Você não toca os objetivos, você tem uma experiência de fisicalidade de que você é um corpo físico tocando outros objetos físicos. Parece concreto porque experiência de fisicalidade é exatamente assim, experiência de forma, experiência de corpo, experiência de objeto, experiência de concretude.

Não é correto dizer que comprovei com o verbo no passado, pois é um saber constante, presente, no gerúndio. Eu vivo em constante comprovação. Eu vivo sabendo que matéria é experiência de fisicalidade.

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