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Altura, largura e absurdidade

Altura, largura e absurdidade

Cidade não tem noite, sois eletrônicos acendem com o timer e o espetáculo da escuridão, mesmo presente, fica invisível. Sempre morei na cidade. Quase sempre. Tempo suficiente para que minhas retinas se esquecessem que são duas luas. Certa vez, enjoado da Avenida Paulista, fui morar em um sítio. Lá, quando ficava noite, ficava noite. E tanto, que no quarto onde dormia, não fazia diferença estar de olhos abertos ou fechados. Muitas vezes, acordava antes do sol, da memória e até de mim mesmo para ficar olhando o breu. Impressionante como o quarto encarnava no espaço com a luz do dia. Surgia a porta bege, a janela de ferro e o armário Marabraz. Quanto mais luz, maior era meu estado catatônico.

— Altura! Largura! Profundidade! De onde vem isso? Não estavam aqui! Tenho certeza! Será que foi o sol que trouxe? — pensava.

De repente, o galo cantava. E eu já não era o único bicho no mundo querendo acordar o mundo para o absurdo que o mundo é.

Começo do fim da questão

Começo do fim da questão

Se uma árvore cai na floresta e ninguém está perto para ouvir, ela fez barulho? Essa é uma questão existencial muito famosa. Outra maneira de formular a mesma pergunta, é assim: o mundo existe quando você não está olhando para ele? Você acredita que sim. Mas a resposta é não. Estou escrevendo esse livro para te explicar porque não e dar fim a essa questão. Mas para que você possa entender porque o mundo não existe quando você não está olhando para ele, primeiro você precisa despertar para o motivo pelo qual você acredita justamente no oposto.

Truque do materialismo

Truque do materialismo

Você acredita que o mundo existe mesmo quando você não está olhando para ele, porque você vive iludido por um truque de percepção chamado: materialismo. Sabe quando um mágico faz um truque e parece que ele está tirando um coelho de dentro da cartola. Você também está iludido pelo truque do materialismo. Só que você nem sabe disso. Até porque, se soubesse, não estaria iludido. Mas enfim, para que você possa sair desse truque de percepção chamado materialismo, você precisa entender porque está sendo iludido por ele. Vou te explicar o truque de uma forma visual fazendo uma analogia. Use a analogia como apontamento para ficar consciente que o mesmo está acontecendo na sua experiência de ser humano.

Eu sou um corpo

Eu sou um corpo

Sua noção de existência é baseada no que você vê com os olhos. — Sim, tem os outros sentidos também. Estou focando na visão para simplificar a explicação. — Você vê a cadeira, então, a cadeira existe. Você vê o gato, então, o gato existe. Você vê a árvore, então, a árvore existe. Você vê o sol, então, o sol existe. Você vê o mundo, então, o mundo existe. E, claro, você olha para você e vê um corpo, então, você é um corpo que existe. Sendo assim, baseado no que seus olhos estão te mostrando, você vive acreditando que é um corpo material vendo um mundo externo e material com os olhos, tal como no vídeo a seguir.

Aluno mais burro da classe

Aluno mais burro da classe

Por favor, não se sinta o aluno mais burro da classe por viver iludido pelo truque do materialismo. 100% dos seres humanos vivem iludidos igual você. E os que já saíram do equívoco são a minoria e tiveram que pisar exatamente nas mesmas pedras pontudas que você está pisando, atravessar o mesmo deserto, para conseguirem despertar. Não é vergonha nenhuma viver iludido pelo truque do materialismo, é o mais comum e quase inevitável. Mas você não precisa ficar iludido. Você pode sair com facilidade. O que vou te explicar a seguir é uma analogia para que você aplique na sua experiência humana e perceba o truque acontecendo na prática.

Eu sou um ser

Eu sou um ser

Você se vê como sendo um corpo, mas isso não significa que você é um corpo, significa apenas que é assim que você se vê. E é assim devido à ilusão perceptiva do materialismo. Esse é o primeiro ponto a ser entendido. O segundo ponto é que ser é nada. Você é um ser, você existe, mas existência não é espaço cheio, existência é espaço vazio. Espaço cheio é tudo que você vê. Você, observador do cheio, é um vazio, um nada. Eu sei que parece um absurdo pensar que o observador do cheio é o vazio, mas é assim e logo deixará de ser um absurdo.

Olhar sem olhos

Olhar sem olhos

Vamos ao passo principal para você entender o truque do materialismo. Recapitulando, baseado no que seus olhos estão te mostrando, você vive acreditando que é um corpo material vendo um mundo externo e material com os olhos, tal como no vídeo a seguir.

Mas você é um SER imaterial interagindo com outros SERES imateriais através de uma interface humana que faz você se ver como um corpo humano vendo um mundo externo e material com os olhos, tal como no vídeo a seguir.

Qual é a diferença?

Qual é a diferença?

Sua experiência do mundo não é sensorial, é virtual. E qual é a diferença?

A diferença é que experiência sensorial significa que você tem olhos materiais e está enxergando um mundo externo material através deles, tal como no vídeo abaixo.

Experiência virtual significa que você não tem perna, nem braços, nem cabeça, nem olhos, nem nada. Significa que você é um SER imaterial olhando para uma interface que faz você ter a ilusão de que você é um corpo enxergando um mundo externo e material através dos olhos, tal como no vídeo abaixo.

Renderizando o mundo

Renderizando o mundo

Resumindo: 1) Seus olhos são tão virtuais como o mundo que você está vendo. 2) Ver não é um processo sensorial, é um processo existencial. Por isso que o mundo não existe quando você não está olhando para ele. Ver o mundo não é enxergar o mundo, é renderizar o mundo. Quando você mexe a cabeça para olhar para direita, você não está mexendo a cabeça, você está dando um comando para interface renderizar o mundo a direita. Quando você mexe a cabeça para esquerda, o mesmo acontece. E quando você tenta olhar para você, a interface renderiza um corpo com pernas, braços, tronco e cabeça. Se você passar um bisturi no seu corpo, a interface irá renderizar todos os órgãos e assim por diante. Por isso você acredita que está vendo um mundo externo e material como os olhos.

Fim da questão

Fim da questão

Sendo assim, vamos agora dar um fim a pergunta que gerou tanta polêmica e discussão entre filósofos e cientistas:

Por que o mundo não existe quando você não está olhando para ele?

1) Porque você não tem olhos para ver o mundo.
2) Porque ver o mundo não é enxergar o mundo, é renderizar o mundo.
3) Logo, sem renderização, sem mundo.

Peixe na internet

Peixe na internet

Um corpo é um corpo porque tem dimensão. Se não tiver dimensão, não é um corpo. O materialismo supõe que as dimensões dos objetos estão nos objetos. Só que é óbvio que altura, largura e profundidade é uma criação mental. É óbvio se você investigar, se não investigar, você vai viver sob a suposição de que é uma característica que vem de fora para dentro. Todas as características dos objetos são construídas dentro do observador, pelo sistema de decodificação do observador. Está vendo o peixe nadando no monitor do seu computador. Achar que o mundo é externo, com altura, largura, profundidade, é achar que a internet está enviando peixe para o seu computador. Você sabe que não é assim. A internet emite impulso, que é decodificado pelo computador, e daí surge no monitor o peixe com altura, largura e profundidade, nadando num aquário cheio de água. Mas no cabo da internet não está vindo peixe, não está vindo aquário, não está vindo água.

© 2023 • 1FICINA • Marcelo Ferrari