Primeiramente, admita seu medo de admitir, coleira que controla o limite da sua sinceridade. Segundamente, admita que mente, que mentiu ontem quando disse à João que Pedro mora no seu coração de pedra.
Admita seu espírito de porco, anti-olímpico, que não sabe perder, mas finge que sabe.
Admita que várias vezes, várias vezes, várias vezes, inclusive agora, tem vontade direta e reta de mandar aquele filho da puta tomar no cu, mas não faz isto porque caga de medo
de colocar o cu na mesma reta que ele tira o dele.
Admita que pensou, que sentiu e escreveu uma carta abrindo seu coração para o inimigo, mas não teve coragem de enviá-la, nem de rasgá-la, trancou a carta na gaveta junto com sua fé.
Admita que é tudo pose, tudo pose, tudo pose de querer ser. E embora negue, tudo pode, tudo pode, tudo pode ser.
Admita que é um saco de arroz comer feijão com garfo e faca, limpar a boca no guardanapo pendurado na dispensa, quando se tem a manga da camisa ao alcance da mão.
Admita que é uma merda falar que não foi legal quando foi uma merda, que é um caralho falar que é legal quando é ducaralho, que é uma boceta ficar respeitando etiqueta só para rimar com a expectativa dos outro.
Admita que você se esconde atrás da ironia, da pia, das desculpas, da culpa que você mesmo mantém pregada na cruz.
Admita que não virou a página, que está rebobinando a fita, dando loops, buscando a kriptonita que irá transformar você em superman e o superman no coco do cavalo de gotancity.
Admita que menospreza a fé do analfabeto, mas que na hora do desespero, seus olhos se ajoelham e seu coração reza feito romeiro.
Admita que não acredita em vida após a morte, mas morre de medo de fantasmas.
Admita que duvida de deus por causa da ciência, que duvida da ciência por causa de deus, mas que ignora completamente a causa de não conseguir parar de duvidar.
Admita que por pudor, medo da dor, machismo, ou seja o que for, você nunca diz: eu te amo. Apenas responde: eu também.
Admita que as mil e um trepadas que conta aos quarenta ladrões não passam de baba.
Admita que foi você que peidou, mostre a mão amarela.
Admita que é gay. Admita: eu não sei!
Admita que a piada foi horrível, que foi mico, que trocou os pés pelas mãos, as mãos pelas orelhas e fez papel de tonto