A lua só não é maior do que minha paz. Prossigo conversando com Fábio.
— Sabe quando o ar condicionado desliga, dá um relaxamento, e percebemos que existe um silêncio antes do silêncio, que o silêncio anterior era barulho? — digo para Fábio.
— Sim, já aconteceu comigo.
— Sem dúvida estou ouvindo o silêncio antes do silêncio.
— Você nunca havia experimentado isto antes?
— Nunca de olhos abertos, andando e conversando.
— Entendo.
— Sabe do pior? — pergunto para Fábio.
— O quê? Me diga.
— Sou, sempre fui, sempre serei.
Nós dois caímos na gargalhada. Quando recupero o fôlego surge em mim uma profunda admiração pela experiência humana que estou experimentando.
— E tem mais, Fábio! — eu digo entusiasmado.
— O quê mais? — ele pergunta.
— É muuuuito louco ser humano! A gente não tem noção.
Voltamos a cair na gargalhada. Depois Fábio descreve um experiência meditativa dele. Diz que se sentiu derretendo até não sobrar nada.
— Tremendo paradoxo, não é? — diz Fábio.
— Como assim? — Eu pergunto.
— Buscamos o silêncio, mas morremos de medo de desligar o ar condicionado.