A escola de astronautas se chamava MGCUBNO (Movimento Gnóstico Cristão Universal Do Brasil Na Nova Ordem). Os alunos chamavam apenas de Gnose. Rodolfo me levou para uma aula de apresentação. A escola ficava numa casa na Vila Mariana, perto do metrô. Na entrada tinha um jardim. Dentro da casa haviam salas de aula com carteiras e lousa.
Sentei no fundão, como de costume. Um professor entrou, deu boa noite e começou a falar um monte de coisas espirituais que desconhecia por completo, mas que me levou à mesma conclusão do autor do livrinho: éramos consciências adormecidas e devíamos despertar. O professor disse que as aulas eram gratuitas e na semana seguinte começaria uma turma para iniciantes.
Eu levantei a mão.
— Pode falar — disso o professor.
— Viagem fora do corpo, vocês ensinam isso aqui? — perguntei.
— Sim, aqui chamamos isso de viagem astral.
— Ótimo! Como faço a matrícula?
— Não precisa de matrícula, basta vir a escola e seguir as aulas.
A turma para iniciantes se chamava “fase A”. Tínhamos aula duas vezes por semana e estudávamos os livros mais básicos do criador do Movimento Gnóstico, um mexicano, nascido em 1917, chamado Victor Manuel Gómez Rodríguez, mas conhecido como Samael Aun Weor.
Hoje em dia existe internet e se você fizer uma busca, rapidamente encontrará uma biografia e vasta informações sobre Samael. O que mais me chamou a atenção na época, é que Samael, segundo ele próprio, era a encarnação do Arcanjo Samael.
Na saída das aulas, podíamos comprar os livros básicos. O livrinho que Rodolfo havia me dado era básico, se chamava: Tratado de Psicologia Revolucionária. Comprei outros e comecei a lê-los.
O estilo literário de Samael era militar. Sem floreios. Ele escrevia como se fosse um general ditando um plano de ataque para o pelotão. Contudo, o que ele falava era fascinante. Alguns livros explicavam a origem do universo. Outros explicavam a evolução e involução do homem, passando por Atlântida e chegando aos tempos atuais. Outros falavam de viagem fora do corpo e multiplos planos de existência.
Em pouco tempo, minhas ambições haviam se tornado muito maiores do que apenas fazer viagem astral. Se existiam mesmo todos aqueles planos de existência que Samael falava, astral, mental, causal e escambau, eu queria conhecer todos e transitar por eles. Mas para isso, primeiro eu teria que fazer o trabalho que Samael considerava ser o mais difícil nessa vida: matar o ego.