— Estou sofrendo com um negócio.
— Sim! Com o quê?
— Gosto da filosofia da não-dualidade, do silêncio, do esvaziamento da mente, e do não-desejar.
— Sim! E daí?
— Gosto também das coisas, do prazer, de realizar meus desejos, etc.
— Sim! E daí?
— Estou em conflito. Uma filosofia exclui a outra. Se puder me orientar, agradeço.
— Recomendo autoconhecimento.
— E como faço para me autoconhecer?
— Como você faz para conhecer o que quer que seja?
— Estudo.
— Exato! Está respondida sua pergunta?
— Não! Se o que existe é o vazio, como conhecer o vazio?
— Mas você não é só ser, você é ser humano.
— Isto é identificação com o ego.
— Este discurso de ego mais atrapalha do que ajuda. Não recomendo. Recomendo autoconhecimento.
— Mas autoconhecimento da mente? Do ego?
— É simples. Você é um ser humano, certo?
— Sim, certo.
— Autoconhecimento é você saber o que é isto que você é: ser humano.
— Como assim?
— Você sabe o que é ser humano?
— É simplesmente existir.
— Não. Existir é ser. Você é ser humano.
— Então, não sei.
— Exato! É por isto que está sofrendo, você é Sem Humano!
— Não entendi!
— Você é um ser humano que não sabe o que é ser humano, ou seja, Sem Humano.
— É uma metáfora?
— Sim! Metáfora para explicar porque fica difícil ser humano.
— O que é ser humano? Me explica.
— Que tal você mesmo se explicar?
— Como me explicar se não sei?
— Se você não sabe, o jeito é descobrir.
— Como descobrir?
— Praticando autociência e produzindo autoconhecimento.