A mídia da realidade simulada (imaginação) não é como a mídia da realidade objetiva (sentidos), que você já nasce experimentando. A mídia da imaginação é construída. Como isso acontece? Acontece através das experiências de realidade objetiva. Para simular uma rosa na imaginação, primeiro você precisa ter a experiência objetiva de rosa, você memoriza, e então, pode simular uma rosa na sua imaginação. Se você não teve a experiência objetiva da rosa, se nunca viu uma rosa, como vai conseguir simular na imaginação o que você nunca viu? Simular é imitar. Como imitar algo que você nunca experimentou?
Quanto mais experiências de realidade objetiva você tem, mais você está construindo potencial de realidade simulada, mais você está agregando repertório para criação de realidade simulada. Assim que você tem uma experiência de rosa-objetiva, já pode imaginar uma rosa-simulada. Assim que você tem uma experiência de melancia-objetiva, já pode imaginar uma melancia-simulada. Assim que você tem uma experiência de cavalo-objetivo, já pode imaginar um cavalo-simulado. E assim por diante.
Quanto mais experiência de realidade objetiva, mais repertório para produzir realidade simulada. Quando você tem experiência de realidade objetiva, o que essa experiência está fazendo com você? Está criando memória. Por isso, se eu falar uma palavra agora, você vai experimentar essa palavra através da mídia de realidade objetiva e depois vai conseguir simular essa palavra. Por exemplo: beterraba. Se eu te perguntar qual palavra eu falei, você vai imitar o que memorizou e me dizer: beterraba.
Você é um gravador ligado. Tudo que está chegando em você pelo gravador, ou seja, pelos cinco sentidos, você está registrando e uma vez registrado, você consegue simular. Você não consegue não registrar, não memorizar. A produção de memória é um processo ininterrupto e involuntário.
Experimentar realidade objetiva traumatiza a sua memória. Assim como o som traumatiza a memória de um gravador, tudo que você experimenta da realidade objetiva, você registra, memoriza. Trauma não é negativo, nem positivo, trauma é impacto. A mídia da realidade objetiva impacta a sua memória e produz um trauma, um registro, um arquivo de memória. Eis como se deu a gênese da sua realidade simulada: trauma, trauma, trauma, trauma…