O que acontece quando você se ignora como observador é similar à quando você vai no cinema. Você esquece que está sentado na cadeira e entra no filme. Daí, se o filme é um dramalhão, você fica preso no dramalhão, se o filme é aterrorizante, você fica preso no terror, se o filme é raivoso, você fica preso na raiva.
Quando você olha para as paredes do cinema, você sai da prisão do filme e volta a ficar consciente que o filme é um filme e você é o observador do filme. Você deve fazer o mesmo para sair do cinema mental. O problema é que não tem parede no cinema mental para você olhar, só tem tela, e sua observação está colada na tela, como se a tela do cinema fosse sua retina.
Por isso é tão difícil se dividir em observador e observado na prática da autoobservação. Não tem espaço físico separando o observador do observado. No cinema a tela está lá e você está aqui, sentado na poltrona. Na experiência humana não tem essa distância, então, a divisão entre observador e observado não tem como ser feita com uma faca, colocando observador de um lado e observado do outro, a divisão entre observador e observado só acontece através de um despertar consciencial.
Você observa um pensamento, e enquanto você está observando o pensamento, você observa que você é o observador do pensamento. Você se dá conta que sem você, observador, como aquele pensamento poderia estar sendo observado por você? E assim por diante e com tudo que você experimenta. Você observa a imaginação, a lembrança, o sentimento, a emoção, e enquanto você está observando tudo isso, você observa que você é o observador disso tudo. Você se dá conta que sem você, observador disso tudo, como isso tudo poderia estar sendo observado?
É assim que você sai da confusão e separa o observador do observado. É simples assim! Você se dá conta que sem observador não tem observado, e como sempre tem observado, sempre tem você: observador.