Na medicina física, o processo de análise do paciente leva ao diagnóstico da doença, o diagnóstico leva a indicação do remédio e a repetição do remédio leva a cura. Na medicina psicológica, não precisa do remédio, o processo de autoobservação já é a cura.
Outroísmo só sobrevive na ignorância. Uma vez que você se observa e fica consciente sobre o funcionamento do seu outroísmo, ou seja, entende quando ele acontece, porque acontece, como acontece, etc, é o fim do seu outroísmo.
Mas se autoobservação basta, por que terceiro passo? Porque seu outroísmo não está em um ponto isolado, está espalhado por toda sua mentalidade, igual um vírus de computador. Você não tem apenas uma crença outroísta. Todo seu sistema de crenças é feito de lógica outroísta.
Com autoobservação você vai detectando cada crença outroísta e se curando, porém, como são muitas crenças e sobrepostas umas as outras, requer prosseguir até o fim. E quando é o fim? Quando termina. E quando termina? Quando acaba. E como sei que acabou? Você começa a viver bem onde vivia mal.
Ninguém vive bem por acaso, milagre ou destino. Viver bem é maestria em prática. Só que ninguém é mestre por acaso, milagre ou destino também. Maestria é produto da teimosia. Assim como um neném precisa teimar em se levantar e se equilibrar para adquirir maestria em andar, você também precisa teimar em observar seu outroísmo para adquirir maestria em viver bem.
Observar seu outroísmo é o segundo passo da cura psicológica, mas entre o segundo passo e a maestria há uma longa jornada de teimosia.
Para dar um testemunho, não cheguei ao fim do meu outroísmo. Nem me preocupo com isso. Me ocupo apenas de praticar auto-observação. Sei que todo resto é efeito do meu nível de autoconhecimento e maestria. Mas já caminhei um bocado na prática de auto-observação e posso afirmar que vale prosseguir. A prática faz a prática. Quanto mais pratico auto-observação, mais fácil fica praticar, mais maestria. Quanto mais maestria, melhor a qualidade das minhas escolhas, ou seja, melhor a qualidade do meu viver.
Concluindo, enquanto você não for capaz de admitir sua doença, você sequer irá começar sua viagem de cura, aliás, estará ampliando sua doença. Quando admitir, sua viagem de cura terá começado, mas é uma viagem muito muito muito longa, então, você precisa ser muito muito muito teimoso para persistir rumo a maestria, pois desistir é muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito mais fácil.