Acordei cedo. Coloquei as malas e a barraca de camping dentro do porta malas do Passat e fui para casa do meu amigo Miguel, que combinou de viajar comigo. Toquei a campainha e a mãe dele veio atender.
— O Miguel já acordou? — perguntei.
— O Miguel não dormiu aqui hoje — a mãe dele respondeu — Vocês combinaram alguma coisa?
— Sim, combinamos de viajar juntos, ele não te falou nada? — perguntei.
— Não me falou nada! — ela respondeu.
Já era de se esperar. Nem fiquei surpreso. Miguel era um grande amigo, tipo irmão, mas era tão porra loca como eu. Naquele horário, era provável que ainda estivesse tomando a saideira em algum boteco de Pinheiros. Esperar por Miguel não era uma possibilidade viável. A viagem era longa e eu precisava passar pelo Rio de Janeiro durante o dia para chegar na BR 101 no fim da tarde. Adiar a saída para o dia seguinte também não era garantia de que Miguel iria comigo.
— Tudo bem! Sem problemas! — disse para a mãe do Miguel.
Entrei no carro. E agora, José? Estaria pronto para viajar sozinho na viagem mais longa da minha vida? Só tinha um jeito de saber. Fiquei entusiasmado e temeroso. Liguei o carro e segui rumo a via Dutra.