Quando você tem uma experiência, quando algo acontece, imediatamente você começa a pensar sobre o que aconteceu, principalmente quando o acontecimento é indesejado, ruim desagradável. Quando seu celular é roubado, por exemplo, você começa a pensar: “Por que comigo? Por que hoje? O que será que fiz de errado para merecer esse castigo de Deus e da vida? Por que atraí esse infortúnio para mim? Por que um ser humano aponta uma arma para o outro e atira? Cadê o respeito? Cadê a justiça? Cadê o valor à vida? Que valor tem a vida? Etc.” Você passa dias, às vezes anos, e às vezes até uma vida inteira, pensando coisas assim sobre um acontecimento, só que você nunca, jamais, em momento algum, pensa os pensamentos que você está pensando. Por exemplo, todo dia você pensa: “Por que isso aconteceu comigo?”. Porém, você nunca pensa: “Por que estou pensando sobre porque isso aconteceu comigo? Qual é a utilidade de ficar pensando sobre porque isso aconteceu comigo? Por que não consigo parar de pensar no porquê isso aconteceu comigo?” Entende? Você gasta todo seu tempo pensando sobre os acontecimentos, mas você não analisa a lógica dos seus pensamentos. O resultado desse seu comportamento tem três consequências:
1) Você não produz autoconhecimento, pois mesmo que você chegue a conhecer tudo sobre o acontecimento, o acontecimento é o outro e autoconhecimento é conhecer a si e não conhecer o outro.
2) Você continua vivendo mal porque é impossível viver bem em estado de ignorância de si, ou seja, é impossível viver bem sem autoconhecimento.
3) A qualidade da sua realidade nunca muda, pois a qualidade da sua realidade depende da qualidade da sua mentalidade e a qualidade da sua mentalidade só muda quando você pratica pensar seus pensamentos.
Sendo assim, para viver bem, é absolutamente irrelevante pensar sobre os acontecimentos. A única utilidade dos pensamentos que você tem sobre os acontecimentos é servir de material de análise para você poder pensá-los e assim produzir autoconhecimento.