A palavra “outroísmo” é uma invenção minha. Então, para que você possa entendê-la, preciso explicá-la. Mas antes de explicar o que é outroísmo, primeiro vamos entender algo sobre o processo de nomear e conceituar.
Nomear experiências comuns é fundamental para a comunicação. Quando se nomeia uma experiência abstrata, como calor, por exemplo, cria-se um conceito. Como o conceito dá concretude ao abstrato, através da nomeação e da definição, fica parecendo que o conceito cria a experiência. É justamente o oposto. A experiência vem primeiro, depois, para fins de comunicação, a experiência é nomeada e conceituada. A nomeação possibilita a comunicação.
Por exemplo, um objeto jogado para cima sempre caiu no chão, até que um dia, Issac Newton, foi estudar essa experiência e a nomeou lei da gravidade. A experiência da gravidade já existia antes de Newton nomeá-la, mas a partir da nomeação ficou possível e mais fácil conversar sobre a gravidade. Outro exemplo é a febre. A experiência da febre já existia antes de ser nomeada de febre. Alguém deu o nome de febre para febre. A partir daí ficou mais fácil se referir e conversar sobre febre.
Nomear e conceituar é muito importante, principalmente no campo da ciência. A 1ficina é uma escola de autociência, então, nos primeiros livros que escrevi para 1ficina, eu precisava explicar aspectos da experiência humana no qual ainda não haviam palavras para comunicação. Sendo que não haviam, precisei inventá-las.
Outroísmo é uma dessas palavras. Pensei em outras possibilidades. Pensei na palavra “outrocentrismo”. Usei essa palavra durante algum tempo, mas achei que “outroísmo” era uma palavra melhor e mudei de opção. Enfim, a palavra “outroísmo” é uma invenção minha, mas o comportamento ao qual a palavra se refere, não é invenção minha.